RETORNANDO PRA CHAPADA DIAMANTINA DEPOIS DE 11 ANOS (E NO INÍCIO DA RETOMADA DO TURISMO DURANTE A PANDEMIA DE COVID 19)
CHAPADA DIAMANTINA - O RETORNO MAIS ESPERADO... (e uma passadinha em Salvador)
OUTUBRO/2020
Bem no início de 2020, combinei com três amigas um passeio rápido por Salvador e Chapada Diamantina. Elas me pediram pra fazer o roteiro pois não conheciam o local e eu poderia voltar a alguns atrativos imperdíveis e visitar outros inéditos. Achei ótimas as companhias e a ideia de montar o roteiro (ao elaborar um roteiro a minha viagem já começa...). Quando visitei a Chapada em janeiro de 2009 não foi possível conhecer todos os lugares que queria, pois só fiquei cinco dias por lá. Nessa "época", me hospedei no Hostel Chapada em Lençóis e, como adorei essa hospedagem, sugeri que retornássemos pra lá. (* O roteiro detalhado de minha primeira visita à Chapada Diamantina está no post: https://aninhaventureira.blogspot.com/2020/05/chapada-diamantina-com-economia.html e o roteiro resumido com Salvador está no post: https://aninhaventureira.blogspot.com/2020/07/salvadorba-capital-cultural-brasileira.html)
Compramos as passagens aéreas e reservamos o hostel... Tudo bem! Daí veio a pandemia de Covid 19 e tudo fechou, todo mundo sofreu e perdeu com isso... Eu procuro ver o lado bom das coisas, então penso que ganhei tempo em minha casa com minha família. Mas, também veio a incerteza de reabertura até a data de nossa viagem. Torcemos, rezamos e aguardamos a retomada do turismo em Lençóis. Eu perturbei o dono do hostel perguntando quase que toda semana se seria possível nossa visita e ele me manteve informada. Chegando próxima a data da viagem, uma das amigas desistiu e então seguimos firmes: eu, Sirlene e tia Ge (mãe da Sirlene). Alugamos um carro com uma semana de antecedência, para termos mais independência e eu finalizei o nosso roteiro, procurando atrações inéditas pra mim e interessantes pras meninas, mas que fossem acessíveis para a tia Ge nos acompanhar, pois ela tem muita disposição mas um joelhinho que nem sempre colabora com ela. Acho que minha sugestão foi interessante:
Alguns dias antes da viagem, a Gol alterou nosso vôo para mais tarde (11 de outubro, vôo 1724, às 19h35 saindo de Guarulhos/SP), então chegamos em Salvador à noite - por isso precisamos pernoitar por lá (escolhemos a Pousada Manzuá, na Barra). Na locadora de veículos, escolhemos uma Captur - Renault, branca, lindona e totalmente automática, sem chave pra ligar... Adorei! Dirigi até Lençóis no dia seguinte... Combinei com a Sir que eu levaria e ela traria o carro que era uma belezinha pra dirigir.
À caminho de Lençóis, demos uma passadinha na cidade de Feira de Santana (115 km de Salvador) para visitar a Igreja Senhor dos Passos e o Museu Casa do Sertão, mas ambos estavam fechados devido à pandemia. Fotografamos a igreja e seguimos viagem; almoçamos no meio do caminho, num trevo de Serra Preta, onde também experimentamos o requeijão típico, com forte sabor. Também provei o cafezinho do lugar e um picolé de tapioca.
Após percorrermos os 311 km, chegamos em Lençóis. Precisamos levar um teste de Covid para apresentarmos na barreira sanitária na entrada da cidade. Demoramos um pouco por ali, pois o dono do albergue esqueceu de informar à prefeitura nossas reservas, então o rapaz da barreira telefonou para o hostel para confirmar nossas reservas e, detalhe, não encontraram (depois o dono do albergue se desculpou pelo inconveniente e disse que houve desencontro de informação...). Bem, o importante é que conseguimos nosso adesivo no carro e entramos na cidade.
Dia 13 iniciamos nossa aventura percorrendo os 70 km até a Gruta da Torrinha, em Iraquara. Optamos pelo roteiro completo de cerca de 2h30' e tia Ge achou melhor ficar esperando no centro de visitantes, pois haviam trechos bem estreitos na caverna. O guia Toninho, com seu colega estagiário, nos levou para conhecer as belezas da famosa Torrinha. Esta caverna, descoberta em 1850 e de formação calcária, é considerada a mais completa do Brasil e a mais bonita da Bahia, com a segunda maior flor de aragonita do mundo (um raro espeleotema) e as agulhas de gipsita (as maiores e mais bonitas do Brasil). A Torrinha já era visitada pelos habitantes pré-históricos, fato evidenciado pelas pinturas rupestres em sua entrada. O conjunto de espeleotemas dessa caverna é muito frágil, devemos caminhar sempre nas trilhas e com um guia. Quase no final do circuito, observamos os espeleotemas que lembram uma maquete do Morro do Pai Inácio. Essa caverna é um verdadeiro espetáculo! Uma das mais lindas que visitei!
Ao final do roteiro, almoçamos uma deliciosa moqueca mista no restaurante do complexo da Torrinha e seguimos viagem para a Gruta da Fumaça, a 5 km. Essa gruta não estava no nosso roteiro, mas o guia estagiário que nos acompanhou na Torrinha e que já trabalhou nela, falou dela com tanto entusiasmo que ficamos curiosas. E lá chegamos; tia Ge nos acompanhou nessa aventura, exploramos juntas a Fumaça! Ela se saiu muito bem!
A Gruta da Fumaça tem um percurso razoavelmente fácil de cerca de 800 metros, com uma temperatura constante lá dentro mais alta do que na maioria das cavernas (em geral a temperatura é amena, fresca, até um pouco fria). A entrada da Fumaça está mais próxima ao nível do solo, sem um paredão ao redor, fazendo sua temperatura interna ser maior e até um pouco abafada. Belíssima também; nela destaca-se o enorme teto repleto de estalactites delicadas e fininhas, mais um capricho da natureza. A visitação dura mais ou menos 45 minutos. Valeu a dica do guia! Valeu conhecer essa beleza!
Terminamos o nosso dia de cavernas na região de Iraquara visitando a Gruta Lapa Doce, onde chegamos poucos minutos antes de fechar. Percorremos a trilha, passamos pelo mirante da dolina e visitamos a imponente caverna, gigante em tudo, desde sua enorme entrada até seus espeleotemas muito particulares. Eu já havia visitado essa gruta em 2009, mas achei importante minha amiga Sirlene conhecê-la, devido as suas particularidades. Eu também quis rever essas maravilhas!
Chegamos em Lençóis à noite e comemos um sanduíche natural na Cafeteria São Benedito. Mais uma delícia deste local.
Em nosso segundo dia de Chapada, optamos por um passeio "um pouco" mais light: Marimbus, atração conhecida como o "Pantanal na Chapada". Seguimos de carro pela rodovia e estrada de terra até a região de Andaraí, onde fica a Comunidade Quilombola do Remanso - o pantanal Marimbus, como é conhecido, e Patrimônio Cultural Brasileiro. Nos perdemos um pouco até encontrarmos a casa de Nita, a dona dos barcos que usamos para chegar ao Rio Roncador. Marimbus foi um quilombo e permanece até hoje resistindo. Pegamos uma das canoas a remo (sem motor, isso mesmo; percorre-se quase duas horas pelo Rio Marimbus só remando, só no braço... rsrsrs) com o jovem Danilo, nosso remador, guia do dia e esposo de D. Nita.
As águas do rio Marimbus são escuras e tranquilas, com muitas plantas aquáticas - em muitos trechos elas tomam conta e dificultam a passagem da canoa. Ajudamos o menino Danilo a remar; bem, achamos que ajudamos, rsrsrs... A descida do rio é bem demorada; nós, paulistas estressadas, pensamos em dar um jeito de voltar ao Remanso de carona ou de outra forma mais rápida, mas para exercitarmos nossa paciência, não havia outra maneira de retornar, somente subindo o rio de canoa.
Deixamos a canoa descansando numa sombra e seguimos a pé por uma trilha no meio da mata, onde uma serpente pequena (provavelmente um filhote de coral - verdadeira ou falsa? Não consigo identificar e acho melhor nem tentar) passou por nós, deixando Sirlene assustada. A pequena coral (V ou F ???) passou do lado do pé do guia e ele nem viu.
Depois do "susto", chegamos às piscinas e cachoeiras do rio Roncador, mais uma maravilha da Chapada, com suas rochas em aspecto de pé de moleque e suas águas escuras e refrescantes. Um presente naquele calorão!
Ao final do passeio almoçamos uma refeição orgânica e natural da sede da fazenda, um antigo casarão da época do garimpo. Comida de verdade! Comida feita no fogão à lenha! Uma delícia! Também provei o cafezinho. Achei curioso que no local haviam muitos cachorros... A moça que nos atendeu disse que "as pessoas da vizinhança deixam eles lá na porteira e o pessoal do casarão cuida".
Depois do almoço, mesmo com preguiça, subimos pra parte alta das quedas do rio Roncador. Mais banho nas águas deliciosas! Energizadas, voltamos pela trilha e pelo rio Marimbus, agora subindo, o trajeto ficaria mais lento... Em resumo, foi ótimo! Conversamos, rimos muito, Danilo nos contou vários causos do quilombo. A noite caiu e a visão do céu límpido foi maravilhosa! Milhões de estrelas nos acompanharam até a sede do Remanso, onde D. Nita nos esperava preocupada com a demora. Enfim, nós ajudamos a remar, mas não foi muito eficiente. Nos despedimos do Remanso e Nita nos prometeu fazer uma galinhada quando retornarmos. Chegamos em Lençóis bem tarde e só conseguimos comer uma tapioca na praça.
Finalizando nosso roteiro, contratamos um guia para nos acompanhar até a Cachoeira do Mosquito e a Serra das Paridas. Seguimos do hostel por cerca de vinte minutos até a entrada da Fazenda Santo Antônio, depois seguimos pela estrada de terra por uns 20 km até o mirante e depois o estacionamento para o início da trilha, que é bem tranquila, com escadas, corrimãos e placas indicativas. Durante a ida, descemos e nem percebemos o percurso, que dura mais ou menos uns 20 minutos. Depois, pra voltar, cansa um pouco mais pois é subida e o calor é intenso. Solicitamos um guia para contribuir com o trabalho e com a economia da região, mas é tranquilo fazer esse passeio sem esse apoio.
O guia (que já foi garimpeiro) nos explicou que o nome da cachoeira não tem a ver com insetos, mas sim com pequenos diamantes - chamados mosquitos - encontrados no local. É possível se refrescar debaixo da queda d'água de cerca de 70 m de altura, mas se prepare para levar uma surra da água. Muita força! Adorei esse lugar!
Após retornarmos pela trilha, almoçamos na sede da fazenda uma comidinha self-service com alguns itens típicos, como a farofa de garimpeiro, a galinha caipira e o godó de banana (ensopado de banana verde, muito bom).
Deixamos a fazenda e seguimos pela antiga estrada do café até o Complexo Arqueológico Serra das Paridas. Lá, fomos recebidos e acompanhados pelo guardião da serra, Renato, que nos deu informações e detalhes sobre as pinturas e todo o trabalho de preservação realizado. Ele demonstrou um amor e devoção ao local. Fiquei admirada. O nome do lugar se deve às diversas pinturas encontradas pelo local, que lembram mulheres em posição de cócoras, "parindo". Há também uma pintura que lembra um ET. É muito interessante essa visita e totalmente diferente, pois até esquecemos que estamos na Chapada Diamantina. Quanta diversidade num só lugar! Mesmo no calor extremo tomei um cafezinho feito pelo próprio guia.
Ao retornarmos para Lençóis, passamos pelas proximidades do Morro do Pai Inácio, que ainda não estava liberado para subida, por isso só pudemos fotografá-lo e os Três Irmãos ao longe. Chegando em Lençóis, provei um cafezinho produzido na região da Chapada e comprei uns dois quilos para levar para casa. Nesse dia, nem conseguimos sair para comer, tamanho o cansaço. Mas valeu cada momento!!! E digo novamente: valeu viver só pra visitar e agora revisitar esse paraíso!!!
Curiosidade: o dia 11 de abril é o Dia da Chapada Diamantina, comemorado desde 2018.
No dia seguinte, após o café da manhã, completamente revigoradas, nos despedimos do hostel e de Lençóis. Dirigi a Captur até a cidade de Rui Barbosa e insisti muito para que a Sirlene dirigisse até Salvador. Em Rui Barbosa, fotografamos a Serra do Orobó, somente do seu pé. Almoçamos e passeamos um pouco por Rui Barbosa, e seguimos viagem para Salvador; a Sirlene, mesmo contrariada, dirigiu. Chegamos em Salvador à noite e nos hospedamos na Pousada Manzuá, bem localizada na Barra. Caminhamos pela orla da Barra e jantamos numa padaria da região. Precisávamos de energia para o próximo dia de passeio.
Para finalizar nossa aventura, seguimos de carro até um estacionamento em frente ao Mercado Modelo, visitamos o local, que tem bons preços em lembrancinhas, doces e muitas coisinhas legais. Fizemos nossas comprinhas de viagem por lá e subimos de Elevador Lacerda (pegamos uma fila bem grande - grande demais por estarmos em uma pandemia) até a cidade alta.
Almoçamos um acarajé no Terreiro de Jesus, eu aproveitei para experimentar o bolinho de estudantes típico (feito com goma de tapioca e coberto com açúcar e canela, bem crocante e grande, além de ter muita sustância) e comprar um quadro pequeno com as ladeiras do Pelourinho. Caminhamos pelo Pelourinho sob o sol forte, tomamos um sorvete na sorveteria A Cubana (eu escolhi um sorvete de tapioca, delicioso), levei as meninas até o Albergue das Laranjeiras (onde me hospedei em 2009) e até a frente das tradicionais igrejas cheias de ouro, mas que estavam fechadas. Um guia nos ofereceu passeios mas achamos melhor continuarmos avulsas, rsrsrs...
Seguimos de carro até a Igreja do Senhor do Bonfim, subimos a escadaria, amarramos nossa fitinha no portão, é claro e contemplamos o local. Visitamos a lojinha ao lado da igreja e encontramos um pouquinho da mistura cultural que existe na Bahia, especialmente em Salvador: imagens de santos católicos e orixás dividindo as mesmas prateleiras, misturados, dando lugar a cada religião. Achei um exemplo de respeito e evolução humana, a ser seguido por toda a sociedade. Não podemos admitir qualquer forma de preconceito, seja racial, cultural ou religioso.
Retornamos à pousada e jantamos numa padaria próxima. A pousada Manzuá (Rua Aracaju, 40, Barra) é simples, tem bons preços, pessoas acolhedoras e simpáticas. Gostei da localização e hospitalidade (Instagram: @pousadamanzua).
Em nosso último dia em Salvador, visitamos a Casa do Rio Vermelho (Rua Alagoinhas, 33, Rio Vermelho), um importante museu que homenageia o casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gattai; Jorge é meu querido autor!!! Lá viveram Jorge e Zélia, recebendo amigos. A casa/memorial foi aberta para visitação em 2014, com objetos que pertenceram ao casal e o jardim onde foram depositadas suas cinzas. Gostei da visita! É muito bom relembrar Jorge Amado. Na entrada da casa, o tapete diz: "Se for de paz, pode entrar"; um convite à reflexão e tranquilidade que esse local proporciona.
Neste dia choveu bastante, então almoçamos e passeamos pelo Shopping Barra; lá experimentamos o bolo delicioso (e enorme) da cafeteria "Viva Gula"; um dos melhores que já provei, vale cada caloria... (e olha que já comi muito bolo por aí... ).
Retornamos pra casa dia 19, no vôo GOL - 1709, das 14h55, seguindo os protocolos possíveis de segurança sanitária, e pela primeira vez vi as pessoas respeitarem sua vez de desembarcar do avião, levantando uma fileira por vez, claro que houve a supervisão atenta de um dos comissários para desencorajar os mais apressadinhos. Rsrsrs...
Foi maravilhoso revisitar a Chapada Diamantina, fazendo passeios diferentes dos que fiz em 2009 e com companhias tão agradáveis. A Bahia é encantadora mesmo!
INVESTIMENTO:
VÔOS SÃO PAULO/SALVADOR/SÃO PAULO = R$ 898,00
HOSTEL CHAPADA = R$ 180,00
POUSADA MANZUÁ = R$ 186,00
ALUGUEL DO CARRO = R$ 583,30 (POR PESSOA)
COMBUSTÍVEL = R$ 145,00 (POR PESSOA)
INGRESSOS = R$ 394,00 (POR PESSOA)
41 anos
ResponderExcluirAna, não me lembrava mais de muitos detalhes, a Chapada Diamantina é realmente surpreendente, muito obrigada.
ResponderExcluirFui com excelentes companhias!!! Gratidão!
ExcluirRetornei com excelentes companhias!!! Gratidão!!!
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