PETRÓPOLIS TERESÓPOLIS - MINHA PRIMEIRA TRAVESSIA
TRAVESSIA
PETRÓPOLIS TERESÓPOLIS - PARNASO - RIO DE JANEIRO – ISSO É BRASIL!
MINHA
PRIMEIRA TRAVESSIA - REALIZANDO UM SONHO (QUE JAMAIS IMAGINEI SER CAPAZ...)
3 DIAS
- 16, 17 E 18 DE JULHO DE 2022
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos
(PARNASO) está localizado no estado do Rio de Janeiro, no maciço da Serra dos
Órgãos, nos municípios de Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis. Ele foi
criado em 1939, no governo de Getúlio Vargas e foi o terceiro parque nacional criado no Brasil. Na década de 1940 foram construídos quatro abrigos na trilha do Sino
(três estão em ruínas e o quarto ainda recebe os montanhistas) E é administrado
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O nome “Serra dos Órgãos” deriva da
semelhança, encontrada pelos colonizadores, entre os picos da serra e os tubos
de órgãos de igrejas. As montanhas são formadas por gnaisses graníticos de
cerca de 620 milhões de anos.
A Travessia Petrópolis – Teresópolis
tem cerca de 30 km de caminhada pesada pelo alto das montanhas, é considerada a
caminhada de longo curso (trekking) mais bonita do Brasil.
Em minhas pesquisas no Instagram
encontrei a Agência ‘Desbrava Rotas Turismo e Eventos’, conversei com eles por
whatsapp e resolvi fechar o passeio sozinha (nenhuma amiga aventureira se
arriscou a ir comigo...). Os guias Aline e Adriano me orientaram sobre a compra
dos materiais para a travessia: mochila cargueira de 50 litros no mínimo,
isolante térmico, saco de dormir, bastão de caminhada, segunda pele, fleece,
anorak, lanches nutritivos pra trilha. A compra dos materiais me deixou
bastante ansiosa pois à medida que via a mochila ficar mais pesada e volumosa,
tive medo de não conseguir carregar tudo...
O valor do pacote saindo do Rio de
Janeiro (Rodoviária Novo Rio) foi R$ 665,00, incluindo transfer Rio de
Janeiro/Petrópolis/Teresópolis/Rio de Janeiro + guiamento 24 horas + jantar da
primeira noite + ingresso e pernoites nos campings dos abrigos do PARNASO.
O saco de dormir que comprei para até
-15° era muito grande e volumoso, mesmo com a bolsa de compressão; então
aluguei um saco de dormir com a agência mesmo por R$ 60,00.
Comprei as passagens ida e volta pro
Rio de Janeiro pela ‘Águia Flex’ (Viação Águia Branca) por R$ 118,00 com as
taxas. No retorno, chegamos mais cedo do que o previsto, sem atrasos, às 15h30
na rodoviária, por isso adiantei a passagem das 20 horas para as 16h15 pagando
uma diferença de R$ 70,00 (paguei pra não ficar esperando tanto tempo na
rodoviária e pra dormir em casa, rsrsrs...)
Juntei todo o material e fui pra
rodoviária com medo mesmo... Deixei o carro num estacionamento próximo da
rodoviária do Tietê (por R$ 39,00 o período) e embarquei às 21h50 do dia 15 de
julho de 2022 para uma das maiores aventuras da minha vida... No Tietê
embarquei na plataforma 7 e ocupei a poltrona 15 no executivo. Fizemos uma
parada em Guaratinguetá no Graal Três Garças, que eu nem vi pois tomei um
Dramim e dormi direto.
DIA 1 – PETRÓPOLIS - AÇU
Desembarquei no Rio às 4 horas do dia
16 de julho, encontrei o pessoal do grupo da agência parceira da Desbrava, ‘Okê
Aventuras’ e o guia Diego, que também me ajudou bastante durante a travessia.
Seguimos para o ponto de encontro próximo da rodoviária e partimos na van com o
guia Adriano, da Desbravarotas, às 5h40 em direção à Petrópolis.
Por volta das 8 horas chegamos em
Petrópolis e encontramos os outros dois integrantes do grupo: Américo e
Glauber, pai e filho aventureiros, muito legais. Ao todo éramos sete
aventureiros: eu, Josi, Fabi, Beto, Rodrigo, pai e filho aventureiros. Um grupo
entrosado, tranquilo, de boa energia. Gostei muito! Aliás, o que me agrada
muito nesses passeios na montanha é a ‘good vibes’ da galera. Tomamos um café
da manhã reforçado numa padaria de Petrópolis e seguimos pro PARNASO...
Nos despedimos do banheiro convencional
na portaria de Petrópolis e iniciamos a trilha por volta das 9 horas do dia 16
(sábado). Nos primeiros quilômetros fui me acostumando com a mochilona, o
caminho era plano, sem muito sofrimento...
Nossa primeira parada pra tirar um
pouco as cargueiras das costas foi na ‘Cachoeira Véu da Noiva’... Daí começamos
a trilha da travessia propriamente dita, com uma subida sem fim...
Paramos para um rápido lanche na Pedra
do Queijo (3,3 km da portaria). Os guias avisaram que a subida seria longa e
que manteríamos um ritmo bom pra todos... Os mirantes do caminho são
lindíssimos... Valendo todo o esforço físico.
Seguimos pela famosa Isabeloca, uma
subidona íngreme, que recebeu esse nome em homenagem a princesa Izabel, que
subiu o morro no lombo de mulas... Ela era um tanto aventureira, pelo que
sei...
Paramos no Ajax, com um ponto de água
para abastecer as garrafas e almoçar um lanche de trilha reforçado...
Continuamos nossa subida até o belo
mirante chamado “Graças a Deus”, cada vez mais perto do Açu (1,6 km). Dali, com
mais um pouco de esforço, avistamos o afloramento rochoso chamado Açu, nossa
primeira parada de pernoite. Ufa!!! Primeiro dia concluído com sucesso...
Sobrevivi!!!
O Abrigo do Açu, na Pedra do Açu fica a
2216 metros de altitude, de onde se pode observar a Baía de Guanabara.
Observamos a área de camping e
escolhemos acampar no camping 2, um pouco distante do abrigo e do banheiro...
Estava louca por um banho, mas o chuveiro estava desmontado por falta de água
(segundo o guarda havia chovido pouco e o reservatório não encheu o suficiente,
também haviam muitos montanhistas no local...) Dei meu jeito, enchi algumas
garrafas com água fria da torneira e tomei um “banho” ligeiro, complementado
com os lenços umedecidos.
Montamos nossas barracas com certa
dificuldade pois estava ventando muito... O frio estava bem intenso... Coloquei
roupas limpas e quentes, meias de lã e jaqueta... Após o pôr do sol, a
escuridão tomou conta do Açu.
Nossos guias prepararam dentro de suas
barracas nosso jantar: um nhoque ao molho sugo delicioso, tinha até queijo
ralado pra acompanhar. Detalhe importante: os guias carregam muito mais peso do
que todos nós, pois levam fogareiro, gás, panelas e talheres, além dos
ingredientes para o jantar. É um trabalhão!
DIA 2 – AÇU – PEDRA DO SINO
Dormi muito mal nessa primeira noite,
estava ansiosa demais pelo segundo dia, com o tal elevador e os desafios...
Ventava bastante e o barulho era intenso...
No domingo, dia 17 de julho, acordamos
às 3 horas, desmontamos o acampamento e saímos às 3h30, com as cargueiras na
escuridão e frio para nossa caminhada até os Portais de Hércules, para vermos o
nascer do sol espetacular. No caminho, ainda no escuro passamos pelo Morro do
Marco, já a 1 km do Açu. Deixamos as cargueiras num ponto no caminho para os
portais pois voltamos pelo mesmo caminho para continuar a travessia. Esse
roteiro é um adicional desta agência, pois fiquei sabendo que nem todas fazem
os portais na travessia... O local é lindo demais!!! Com vista para o Dedo de
Deus e todas as belezas ao seu redor...
Após o amanhecer, tomamos café da manhã
num plano em meio aos morros e rochas. Os guias prepararam um café bem quente e
dividimos os lanches.
Seguimos nossa rota por muitas subidas
e descidas, algumas escalaminhadas pequenas, até o Morro da Luva (2,5 km do
Açu); de lá avistamos o morro do Garrafão e a bela paisagem do entorno... A
trilha é bem sinalizada com placas e marcações no chão. Mas sem condições de se
fazer sem um guia experiente, principalmente sendo a primeira vez.
Numa das paradas para abastecimento de
água, usamos Clorin pra purificar a água pois naquele trecho os níveis de
coliformes fecais mereciam nossa atenção. Um comprimido para cada litro de água ou 5
gotas, depois de 30 minutos a água estará boa para consumo.
Enfrentamos o Elevador, uma escada de
ferro chumbada na rocha, com uma inclinação de mais ou menos 75 graus... Achei
difícil, pois os degraus eram bem espaçados... Alguns estavam mais para o lado,
e o corpo com a cargueira tombava pro lado... Subi os cerca de 50 degraus com
concentração e muita força... Bastante puxado pras pernas... Claro que fui
parando e respirando... E agradecendo por não ter que retornar pelo mesmo
caminho...
E a caminhada continuou... Subidas e
descidas... Passamos pelo Morro do Dinossauro (4 km do Açu), com vista
maravilhosa...
Passamos pela Pedra da Baleia e
descemos um trecho bastante íngreme, o “Mergulho”. Já estávamos bem próximos da
Pedra do Sino. A vegetação tornava o ambiente mais agradável com um frescor
natural.
No fim da tarde, desse trecho, seguimos
entre as frestas da rocha; até o terrível ‘Cavalinho’. Passamos por ele individualmente,
os guias puxaram as cargueiras com mosquetões. Usamos uma corda para dar apoio
aos pés e, claro, as mãos dos guias, para “montarmos” a rocha caída no meio da
fenda na beira da Pedra do Sino. Emocionante!
Confesso que depois do cavalinho, subi o restante da trilha, na escalaminhada, “na força do ódio”, porque parecia que não chegávamos nunca ao abrigo. Eu já estava bastante cansada e minhas pernas não queriam mais subir aquele morro. Em alguns trechos, não conseguia mais me apoiar pra subir... E o topo nunca chegava... Rsrsrs...
Algumas pessoas quiseram subir com as cargueiras pra ver o pôr do sol, mas eu não aguentava mais... Por isso fui pro abrigo, montei minha barraca e tomei um banho deliciosamente frio.
Nossa segunda noite foi camping do
abrigo da pedra do Sino (abrigo 4). O ponto mais alto do PARNASO é a Pedra do
Sino, com 2263 metros de altitude.
Para o jantar, juntamos os ingredientes
que todos levaram e os guias prepararam arroz, feijão, frango ao molho e até
salada de legumes. Uma super ceia de confraternização! Realmente, como a Aline da
agência me disse: “se come muito bem na montanha!”
Dormi muito bem nesta segunda noite,
diria que poderia acampar por mais tempo, mas caminhando menos por dia...
DIA 3 – SINO – BARRAGEM DE
TERESÓPOLIS
Na segunda-feira, dia 18 de julho,
acordamos às 5h e subimos a trilha até o cume da Pedra do Sino para assistirmos
o nascer do sol. Maravilhoso o mar de nuvens que contemplamos! Que paisagem
incrível!!! Inesquecível!
Descemos após o dia clarear e tomamos
um café da manhã com tudo que sobrou de comida...
Desmontamos nosso acampamento e
iniciamos a descida da serra às 9h40. Passamos por vários mirantes. A trilha
era tranquila, sem grandes desafios... Apenas tomei cuidado com meu joelho,
usando uma joelheira, mas ele sofreu... Meus pés também sofreram, a descida fez
algumas bolhas dolorosas...
Passamos por mais uma Cachoeira Véu de
Noiva, que estava seca devido ao período de estiagem... Deve ser linda com
muita água...
Por volta das 13h30 chegamos na barragem
de Teresópolis e concluímos nossa travessia com sucesso e muita alegria! Muitas
bolhas no pé, dores na lombar, nos ombros e pernas (mais fortes e torneadas
também)...
Pegamos nosso transfer de retorno, paramos
num comércio para comermos uns pastéis. O motorista correu bastante e chegamos na
rodoviária “Novo Rio” às 15h40. Adiantei minha passagem pras 16h15, dormi
bastante no ônibus, na poltrona 9, com o corpo bem dolorido e várias bolhas nos pés, mas realizada! Acordei na parada
para o jantar e seguimos para São Paulo. Chegamos por volta das 22h30 na
Rodoviária do Tietê. Eu ainda carreguei a cargueira mais um pouco até o
estacionamento. Muito grata e feliz pela conquista!
***
# Materiais:
- Barraca técnica com sobreteto, saco de
dormir com conforto entre 5 e 10 graus, isolante térmico, prato, talheres e
caneca
- Mochila cargueira de 50 litros com peitoral e
barrigueira, mochila de ataque, bota de trilha, blusa de frio, corta vento,
segunda pele, calça, boné, touca, luvas, meias, chinelo
- Kit de higiene e medicamentos, capa de
chuva, lanterna de cabeça, power bank, protetor solar, repelente, sacos
plásticos, bastão de caminhada
- 2 cafés da manhã, 3 almoços, 1 jantar,
lanches rápidos: comidas liofilizadas, embaladas à vácuo, Rap 10, pão sírio,
bisnaguinha, café, chá, sucos, atum, calabresa, salame, queijos, barrinhas,
paçoquinhas, vegetais de longa duração, frutas secas ou frescas. Purificador de
água.
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