CUBA – VISITANDO A ILHA REVOLUCIONÁRIA DO CARIBE
CUBA – VISITANDO A ILHA
REVOLUCIONÁRIA DO CARIBEJULHO/2018
HAVANA
Havana é a capital de Cuba. A
República de Cuba situa-se na América Central e é formada por um arquipélago de
área fragmentada. O idioma oficial é o espanhol. A ilha é produtora de tabaco, essencial
na produção dos tradicionais charutos cubanos.
É o único país das Américas com
regime político socialista. Sempre tive curiosidade e simpatia por esse país,
por todas as questões históricas e lutas de classes sociais. Também me
interesso pelo socialismo, é claro que viver num mundo com mais igualdade seria
muito mais justo. Afinal, a palavra ‘socialismo’ deriva do latim “sociare”, que
significa combinar ou compartilhar. Em resumo, essa ideologia política e econômica
estabelece críticas ao capitalismo e defende uma sociedade mais justa e
igualitária. Cuba também tem o termo “comunismo” na sua constituição, quer
dizer que, na teoria, as ações políticas e sociais da ilha devem ser
direcionadas para o comunismo. As eleições existem, mas, como apenas o Partido
Comunista tem autorização para existir na ilha, há participação exclusiva de
cidadãos independentes e não de partidos.
O maior sucesso do regime é a
democratização do sistema educacional, com erradicação do analfabetismo e
universalização do ensino superior. Nesse sistema o estado se responsabiliza
pelo básico para toda a população: saúde e educação; há alimentos sim, mas não
há variedade. O país tem uma das melhores faculdades de medicina do mundo e
fornece excelente sistema de saúde preventiva.
Historicamente, Cuba foi transformada
numa produtora de açúcar e café quando era colônia espanhola. Depois de anos de
exploração, passou para o domínio dos EUA, que durou até 1902, com o Tratado de
Paris. Após a independência, o país foi devastado pela corrupção, ditadura
militar, com extrema pobreza para a população, até a revolução de 1959...
Che Guevara e a
Revolução Cubana
Ernesto “Che” Guevara nasceu em 14 de
junho de 1928. Ele foi um dos principais líderes da Revolução Cubana, que
marcou a história da América Latina. Com a derrubada da ditadura de Fulgencio
Batista, o grupo revolucionário chegou ao poder, liderado pelo advogado Fidel
Castro e pelo médico argentino Che Guevara. A data era primeiro de janeiro de
1959. Para algumas pessoas, Che foi um revolucionário que ajudou a instaurar um
novo regime político em Cuba; para outros ele é um mártir que se opôs a
ditadores dos EUA e lutou por sociedades mais justas em países como Guatemala,
Congo e Bolívia; mas para tantos outros, ele foi um guerrilheiro obcecado por
violência que usou de métodos polêmicos para atingir seus objetivos; é até
venerado como santo em alguns lugares da Bolívia. Seu nome e rosto são
associados à rebeldia até hoje, sendo usados em camisetas, músicas e cartazes.
Particularmente, penso que ele foi muito corajoso, acreditando em seu sonho até
o fim, não podia mais parar... Tanto que foi morto em guerrilha, nas selvas
bolivianas em 1967.
A vitória na Revolução tornou Cuba
mundialmente conhecida como nação revolucionária, mas isso também a isolou do
mundo; o que salvou a economia do país durante um bom tempo foram os laços com
a União Soviética, através do acordo de venda de açúcar e importação de
petróleo. E os EUA não pouparam esforços para massacrá-la, rompendo relações e tentando
invadir o seu território. A ilha se manteve firme com o apoio soviético, até o
fim da URSS em 1991. Daí o país sofreu com a crise econômica e falta de
alimentos.
A CUBA QUE ENCONTREI EM
JULHO DE 2018...
Cuba tem duas moedas oficiais: o peso
cubano, que é usado somente pelos cubanos que residem no país e o peso
conversível (CUC), moeda turística que só pode ser usada por estrangeiros e que
tem o valor de 1 euro por 1 CUC.
Observei até a existência de um hospital
público somente para turistas, algo que não vi em nenhum outro lugar do
mundo...
Há uma lista de alimentos e materiais
de higiene que são fornecidos pelo governo, mas não há variedade, além de serem
racionados por cotas, que nem sempre são suficientes; o símbolo do racionamento
no país é a ‘caderneta’ que dá acesso à toda população a itens básicos, como
pão, leite, ovos e até cigarro. Todos trabalham para o governo, em prol do
coletivo, os salários são muito baixos... Por isso muita gente precisa fazer
uma segunda jornada de trabalho para obter renda extra. Os guias que nos
acompanharam eram todos formados na universidade, mas trabalhavam como guias
para receber em CUC e garantir um salário mais digno.
As pessoas contaram que a vida ficou
melhor depois da revolução, mas a falta de liberdade de expressão e toda a rigidez
da ditadura espantaram boa parte das pessoas, que foram deixando o país na
primeira oportunidade, percebi que muitas pessoas com as quais conversamos
também têm desejo forte de deixar o país. As pessoas querem consumir, ter
opções de compra, de escolha... Sim... Ao longo do tempo, Cuba se afastou do
mercado americano e sofreu com a crise no mundo socialista, ficou isolada e
distante da globalização. A internet nos hotéis era caríssima e de péssima
qualidade, com tempo máximo de uso e cobrança do turista.
O racionamento também é algo estranho
de se ver (situação parecida com o que viveram as gerações dos períodos pós
guerra), visitei mercados, padarias, cafeterias e chocolaterias e percebi essa
escassez de recursos. Se pegar a fila do pão, conseguirá comprar alguns (a
cota), mas se chegar na padaria a qualquer hora, não encontrará mais o pão...
Nos restaurantes, muitos produtos nos menus não estavam mais disponíveis em
determinada hora do dia. Os guardanapos e papéis higiênicos são muito
racionados. Nos mercados, havia poucos produtos nas prateleiras e em geral da
mesma marca; observei várias prateleiras vazias. Tomei um chocolate quente
horrível, e esperei quase uma hora por ele... Coisas do socialismo... Se
prioriza o básico para todos e não o supérfluo apenas para alguns raros...
Os cubanos querem sair de lá, se
casando ou tendo filhos com estrangeiros. Percebi um certo desespero para
arrumar uma noiva. Rsrsrs...
A VIAGEM...
Encontrei com a Edna e a Rita no
Aeroporto de Guarulhos/SP às 22 horas do dia 05 de julho de 2018, embarcamos no
vôo 258 da Avianca à 1h10 do dia 06, com destino a Bogotá, na Colômbia.
Pousamos em Bogotá às 5h13 do dia 06, passamos pela imigração e embarcamos no
vôo 254 da Avianca das 9h07 com destino a Havana.
Às 13h45 do dia 06 de julho, desembarcamos
no ‘Aeroporto Internacional José Martí’, na capital de Cuba, carimbamos nossos
passaportes e encontramos nosso receptivo “Havana Receptivo Cubatur”, que nos
levou até o nosso hotel, o ‘Hotel Panorama’ (H10, Habana). Aproveitamos o fim
da tarde para caminharmos pelos arredores do hotel, comermos um lanche e
trocarmos nossos euros por alguns CUCs...Em minha primeira impressão, observei
que os carros eram muito antigos, verdadeiras relíquias, os ônibus também
estavam bastante usados... As construções não apresentavam ostentação. Os
valores das hospedagens no país eram altos, desde pousadas mais simples até
hotéis mais estruturados, não havia grande diferença de valores, que eram
sempre altos. Por isso optamos por passar apenas uma noite no hotel na chegada
e três no retorno. Como pegaríamos um navio de cruzeiro que passaria duas
noites no porto de Havana, aproveitaríamos para fazer passeios próximos ao
centro histórico nesses dias iniciais e deixaríamos para ir mais longe no final
do passeio. Foi uma ótima ideia, economizamos bastante.
Aproveitamos a tarde para pegarmos o
“Habana Bus Tour”, ônibus turístico panorâmico, para fazermos um pequeno
reconhecimento do local, parando em alguns pontos importantes na história do
país, como a ‘Praça da Revolução’, com o tradicional painel do Che, que fica na
fachada da sede do Ministério das Comunicações.
Ao desembarcarmos no centro de Havana, aproveitamos para fazer um passeio de charrete, bem tranquilo. O condutor era engenheiro agrônomo...
Na manhã de 07 de julho saímos de
nosso hotel em Havana, o ‘Hotel Panorama’, com nosso transfer do receptivo
‘Cubatur’, que contratamos no Brasil, e seguimos para o porto de Havana “Porto Della
Habana”. Embarcamos no cruzeiro da MSC, no navio Armonia. Nos próximos artigos,
contarei como foi a experiência neste cruzeiro.
Dia 08 saímos do navio e caminhamos
pelo centro histórico, passamos pela ‘Calle de los Ofícios’, uma das ruas mais
visitadas do centro antigo de Havana (ou ‘Havana Velha’), que foi projetada a
partir da criação da praça principal, hoje Plaza de Armas. A rua tem esse nome
por conta de se agruparem ao longo de seu percurso, pequenos estabelecimentos
de ofícios tradicionais, como carpintaria, sapataria, relojoaria e perfumaria.
Visitamos a ‘Igreja e o Convento de
São Francisco de Assis’, que foi construída em 1608 e reconstruída em estilo
barroco entre 1719 e 1738. A Basílica Menor do Convento foi transformada em
sala de concertos por conta de sua excelente acústica. A igreja também abriga o
Museu de Arte Religiosa com peças datadas do século XVII. O lindo jardim
homenageia Madre Teresa de Calcutá.
Visitamos o ‘Castillo de la Real
Fuerza’ (Castelo da Força Real), um belo exemplo de arquitetura militar dos
tempos do domínio espanhol na ilha de Cuba. Essa é a fortaleza mais antiga das
Américas, foi construída entre 1558 e 1577. Durante dois séculos foi residência
oficial do Governador Geral, hoje abriga o ‘Museu da Fortaleza’. O castelo
juntamente com o restante das fortificações da cidade e o centro histórico, está
declarado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Dia 09 saímos do navio e caminhamos
até o ‘Mirante do Cristo de Havana’, uma estátua de autoria da escultora cubana
Jilma Madera. O monumento foi inaugurado em 1959 por Fidel Castro e possui 20
metros de altura, todo em mármore Carrara.
Perto dali ficava o ‘Centro Cultural
Casa del Che’, aproveitei para visitá-lo. Fui sozinha, as meninas não quiseram
entrar, paguei seis CUCs pra visitar... Esta casa foi a primeira moradia de Che
Guevara em Havana, de janeiro a março de 1959, lá foram decididos alguns dos
assuntos mais importantes da revolução cubana, entre os quais a lei da reforma
agrária. A casa agora serve como museu e centro cultural, preserva alguns
objetos usados na revolução e faz homenagem à memória do Che entre pinturas e
painéis.
Dia 09 de julho o navio MSC Armonia
partiu do porto de Havana... Navegamos e visitamos outros locais muito
interessantes (escreverei sobre cada um deles nos próximos artigos). Dia 14 de
julho, desembarcamos do navio MSC Armonia no porto de Havana às 13h30.
Retiramos nossas bagagens e nosso transfer da “Cubatur” nos levou até o ‘Hotel
Habana Panorama’. Aproveitamos para caminhar à tarde pelas ruas de Havana,
observando seus costumes.
Dia 15 de julho seguimos em um
passeio bate e volta com a agência “Cubatur” até Varadero, que apresentarei no
próximo artigo.
Em nosso último dia na capital
cubana, contratamos um dos carros antigos disponíveis para passeio, não posso
dizer que alugamos, pois o guia não me deixou dirigir o veículo... Na verdade,
se paga por um passeio “um rolê” num carro antigo.
Nosso guia nos levou até a Fusterlandia ou ‘Casa
Fuster’, uma verdadeira galeria de arte a céu aberto localizada no bairro
Jaimanitas em Havana. O local era uma vila de pescadores bem degradada e se
transformou numa obra-prima de azulejos e mosaicos, que lembra bastante o
estilo de Gaudí e Picasso. Essa transformação começou em 1975 quando o artista
cubano José Rodriguez Fuster se mudou para o local, e passou a decorar seu
estúdio com mosaicos coloridos. Nos dez anos seguintes, os vizinhos se envolveram
na arte e permitiram que o artista decorasse consultórios, pontos de ônibus,
fontes, bancos, portões; o que tornou o lugar único!
Cuba é um país colorido, com ritmos
calorosos, povo acolhedor e muito criativo! Adorei conhecer este lugar
encantador e sua população guerreira.
Finalizamos o passeio de carro no
‘Castillo de los Santos Tres Reyes del Morro’, que foi erguido entre 1589 e
1630 com o objetivo de proteger a entrada do porto de Havana contra piratas e
invasores. A fortaleza está sobre uma falésia, conhecida como “El Morro”. O
castelo tem forma poligonal irregular, com muros de 3 metros de espessura e
valas profundas. O local oferece vistas panorâmicas deslumbrantes do mar e da
cidade de Havana, ele abriga o Museu marítimo. O farol foi colocado no forte em
1844 e até hoje é usado para guiar os navios no porto.
Aproveitamos para visitar a Torre da ‘Catedral
de Havana’ e nos admirarmos com sua bela vista da cidade.
Visitamos o tradicional bar e
restaurante “La Bodeguita del Medio”, numa das ruas do centro antigo. O calor e
o antigo se encontram aqui e tornam o ambiente bucólico.
Também fizemos uma corrida num ‘Coco
Taxi’, tradicional na cidade, um taxi sobre motocicleta. Nosso condutor era
muito simpático e tiramos até selfie com ele.
Dia 17 de julho, nosso transfer nos levou até o aeroporto de Havana,
embarcamos no vôo 959 da Avianca às 16h10, com destino a Lima, no Peru. Cuba
deixará saudades, a levaremos em nossos corações. O socialismo ainda é um
grande desafio para nosso estilo de vida, algo para se pensar... Repensar nosso
modo de viver com tanto consumo, tão presos a coisas supérfluas... Com certeza,
a sociedade cubana nos fez refletir e nos ensinou muito.
39 anos
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