UM PASSEIO ENTRE A CULTURA ORIENTAL E A QUILOMBOLA/ SÃO PAULO - ISSO É BRASIL!!!

 

64ª TOORO NAGASHI (REGISTRO) E QUILOMBO IVAPORUNDUVA (ELDORADO) - VIVÊNCIA NO VALE DO RIBEIRA/SP - ISSO É BRASIL!!!

NOVEMBRO/2018

 

     Entre os dias 01 e 04 de novembro de 2018, pude participar de duas experiências muito enriquecedoras: a 64ª Tooro Nagashi em Registro e a Vivência no Quilombo Ivaporunduva. Fiz esse roteiro com a excursão da Daga’s VTur, agência da zona Norte de São Paulo muito organizada, que elabora roteiros diferentes em que se aproveita ao máximo o tempo em cada local (ótimo custo-benefício). Esse roteiro se chamava “Turismo de Vivência – Cultura Oriental e Quilombola”. Claro que eu não poderia perder a oportunidade de fazer dois passeios totalmente inéditos pra mim em uma só viagem. Conhecia a Edna, minha amiga aventureira e a D. Ed, mãezinha da Edna, que eu gosto muito. No passeio conheci e dividi o quarto em Registro com a Laina, uma colega muito animada da Edna.

DA ESQ.: EU, EDNA, D. ED E LAINA



POUSADA RIBEIRA


     O ponto de encontro para a partida foi no metrô Parada Inglesa, às 19h30 do dia 01 de novembro. Seguimos no ônibus até a Pousada Ribeira (Rua Filomena Aby Azar, 350, Registro), chegamos no início da madrugada e saímos na manhã do dia 02 para um city tour enriquecedor.  Visitamos o local de confecção dos tooros (lanternas feitas com papel manteiga colorido e velas sobre uma base de madeira) e o recinto da festa com comidinhas típicas e shows. Esse é o principal evento tradicional japonês no sul de São Paulo.

O GRUPO DA EXCURSÃO (FOTO DAGA'S VTUR)






FOTO DAGA'S VTUR


O BELO RIBEIRA DE IGUAPE










DEGUSTAÇÃO DE PRODUTOS TÍPICOS DA REGIÃO

PROVANDO O "BUBBLE CHÁ DA OBAATIAM"

     À noite, após acompanharmos a Cerimônia do Chá, observamos as lanternas flutuando pelo Ribeira, um espetáculo visual com certeza! A Tooro Nagashi é uma homenagem japonesa aos antepassados em que as lanternas iluminam o caminho das almas dos ancestrais, espalhando a paz. Esse evento aconteceu no Brasil pela primeira vez em 1955 em memória das vítimas de afogamento nas águas do belo Ribeira de Iguape, se repetindo desde então no mês de novembro. É um outro olhar sobre a morte, que nos faz refletir sobre nossos valores e o ciclo inevitável da vida. Nessa visão, não há sofrimento, mas saudade... E não há problema algum em sentir saudade de quem se ama... Observando as lanternas, pensei que cada uma delas representa uma pessoa que sente saudade de alguém... Que intenso!





     No Japão a cerimônia é tradicional no anoitecer do último dia de finados (lá são 3 dias), quando as pessoas soltam nas águas do rio ou do mar, barquinhos com lanternas de papel (tooros) com os nomes dos antepassados. Essas lanternas deslizam pelas águas proporcionando um espetáculo de beleza e paz.

     No dia seguinte, partimos para nossa próxima experiência: pernoitar  em um quilombo. Imaginei bem diferente essa hospedagem, mas a Pousada Comunitária do Quilombo Ivaporunduva me surpreendeu em conforto e comodidade, com quartos bem equipados e chuveiro quente. Logo que chegamos assistimos a palestra de S. Ditão na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em seguida caminhamos pelas plantações de banana. Um contato inicial com uma cultura de amor e respeito profundo à terra. Isso me agradou muito. Em seguida saboreamos a deliciosa refeição caseira quilombola.


FOTO DAGA'S VTUR

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO




     O quilombo teve origem no século XVI, quando uma proprietária de terras e africanos que foram escravizados – D. Maria Joana – faleceu e, por ser viúva e não ter parentes, deixou a terras para os escravizados que lá viviam. A partir daí, outros escravizados fugidos foram para lá e formaram a comunidade quilombola, um símbolo de luta e resistência negra. Ivaporunduva é a mais antiga comunidade quilombola do Vale do Ribeira, em 1994 foi fundada a Associação Quilombo de Ivaporunduva, em 1997 foi reconhecida como quilombo e em 2000 a comunidade recebeu o título de seu território. Ivaporunduva significa “rio com muitos frutos”.


     Desde o início da comunidade, as pessoas se organizam em mutirões para diversas atividades como abertura de roças, colheita e construção de casas. A banana é uma cultura tradicional da comunidade, dela se aproveita tudo, até da sua palha são feitos artesanatos.

     A comunidade tem realizado o repovoamento do palmito juçara, espécie endêmica da Mata Atlântica considerada em extinção após décadas de exploração descontrolada.

     Grupos como o nosso, em busca de um tipo de turismo chamado étnico-cultural contribuem para a economia do local, recebem uma palestra sobre a história e características da comunidade, percorrem trilhas, visitam as roças, plantações de banana e saboreiam a culinária deliciosa.

     Segundo nosso palestrante S. Ditão, quilombo é sinônimo de luta pela terra e liberdade. Desta luta surgiram as comunidades quilombolas, que sobrevivem, mas perderam partes de suas terras para posseiros e grileiros. Os quilombolas são exemplos de convívio entre populações humanas e a Mata Atlântica, tendo grande importância em projetos de desenvolvimento sustentável. (https://www.quilombosdoribeira.org.br/luta)

     Também assistimos uma interessante palestra sobre plantas e ervas medicinais encontradas e usadas na comunidade, uma verdadeira aula em linguagem simples e verdadeira. Nos reunimos em uma roda no anfiteatro feito de pau a pique - assim como várias casas do local. Encerramos as atividades da tarde com o manuseio de um tear.


FOTO DAGA'S VTUR


FOTO DAGA'S VTUR

     Estava muito quente neste dia, por isso tomei um banho logo após o final das palestras. Consegui tomar banho quente (embora tenha ido preparada para tomar banho frio, me surpreendi), pouco tempo depois, caiu uma chuva muito forte e a energia elétrica se foi... E não voltou mais nessa noite... Por conta disso, algumas pessoas se estressaram, ouvi até comentários de que não era necessário pernoitar ali... Quando tudo o que eu queria era pernoitar num quilombo de verdade; que experiência autêntica! Que oportunidade de aprendizagem! Eu adorei até a falta de energia elétrica. Ao final da noite, após o jantar delícia, uma dupla de violeiros fez uma roda de viola com nosso grupo sob luz de lanternas. Uma maravilha ouvir aquelas canções sentindo o cheiro da terra molhada e o frescor da noite. Tudo de bom!



ESCOLA DA COMUNIDADE






     No dia seguinte, fizemos uma caminhada pelas trilhas e tomamos banho num braço do rio. Aproveitando para observar mais um pouco do cotidiano daquela gente tão brasileira. Visitamos uma das casas construídas em pau a pique e acompanhamos o preparo de um refogado de coração de bananeira no fogão a lenha. Essa parte da bananeira também é chamada de umbigo e flor, é um alimento muito nutritivo em fibras, proteínas e minerais, considerada uma PANC (Planta Comestível Não-Convencional). No preparo do refogado é importante ferver os pedacinhos do coração e jogar a água fora uma vez para tirar o amargor. Com essa parte da bananeira, dá pra fazer até um xarope. Tanto conhecimento popular! Experimentei o refogado e gostei. É algo bem vegano, com sustância, comida de verdade. Comeria diariamente, sem problemas.












     Fiquei encantada com a vida no quilombo. As pessoas vivem num espaço-tempo diferente... Numa relação ímpar com a natureza, uma vida em equilíbrio, usufruindo da terra e cuidando ao mesmo tempo. Um exemplo de sustentabilidade para as civilizações que se julgam tão modernas e evoluídas!

INVESTIMENTO:

R$760,00 = O PACOTE INCLUINDO TRANSPORTE EM ÔNIBUS + HOSPEDAGENS EM REGISTRO E NO QUILOMBO + REFEIÇÕES + PASSEIOS + GUIA ACOMPANHANTE


Comentários

  1. Todo meu respeito aos quilombolas e sua história de resistência!

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  2. E também todo meu respeito aos meus antepassados orientais, que o Ocidente possa ver a morte com outro olhar também... Uma visão de esperança...

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  3. Para D. Ed, mãezinha da Edna. Não sei explicar... Mas tem pessoas que a gente simplesmente gosta, de verdade, sem motivo. De coração.

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  4. Aninha você conseguiu nós emocionar...a mãe tbm gosta muito de você...😘😘🙏

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  5. Mais um publicação nota 10... Reforço suas observações em relação a DagasVTur que estamos com ela há 5 anos. Minha mãe também tem muito prazer em viagar com agência DagasVTur (Márcio).Devido a organização, pelo respeito, e os momentos incríveis vevenciados.👏👏👏

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    1. A Dagas VTur oferece roteiros diferentes. Muito bom!!! Aproveita-se o tempo sem preocupações...

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