PATAGÔNIA ARGENTINA – USHUAIA, O FIM DO MUNDO
MINHA EXPERIÊNCIA NO FIM DO MUNDO - USHUAIA - PATAGÔNIA
Sempre quis ver neve, gelo... Gosto do
frio... Daí surgiu a ideia de ir pra Patagônia... Dei a sugestão para as minhas
amigas Aventureiras... Só a Edna conseguiu ir comigo. E lá fomos nós...
Compramos as passagens aéreas, reservamos um hotel em El Calafate e em Ushuaia
e alguns passeios com a agência Rumbo Sur. O mais difícil foi arrumar as roupas
apropriadas para o gelo. Minha amiga Ana Cláudia me emprestou uma jaqueta
impermeável lindona, alguns agasalhos e toucas, comprei uma bota impermeável,
meias, segunda pele e calça para frio; minha amiga Sirlene deu um cachecol pra
mim e pra Edna. Enfim, com tantas roupas volumosas, tive que levar minha mala
grande (e nada prática). E bora ver o gelo...
Embarcamos dia 10 de julho de 2016 em Guarulhos/SP no vôo 1243 - Aerolíneas Argentinas, às 22h35 para El Calafate, com conexão em Buenos Aires, no Aeroparque (Aeroporto Internacional Jorge Newberry)... E aí começou a aventura: nosso vôo para El Calafate estava programado para sair do Aeroparque de Buenos Aires às 5h da manhã, mas foi cancelado devido às condições climáticas no destino... E assim, esperamos no aeroporto... Com o vôo remarcado para as 11h, precisamos retirar as bagagens e despachar novamente, passar pela esteira e raio X... Fizemos isso mais duas vezes... Uma canseira... O clima em El Calafate não estava bom... E nosso vôo foi remarcado para o dia seguinte às 13h.
A companhia aérea, então nos levou ao Hotel Presidente para que passássemos a noite; também forneceram nosso transfer aeroporto/hotel/aeroporto, lanche, jantar, hospedagem e o café da manhã. Só ficamos chateadas pois tínhamos comprado um passeio para o dia seguinte em El Calafate e por conta do vôo, não conseguiríamos fazer... Chegamos ao Hotel Presidente (Cerrito 850, CABA, centro) à tardinha e para não perdermos tempo, resolvemos compensar a situação assistindo um show de tango após o jantar no hotel.
Escolhemos o Señor Tango (Vieytes 1655, Barracas), por
600 pesos argentinos o ingresso com transfer - sim, pagamos caro, mas foi de
última hora. O show é muito bonito, com participação de cavalos, acrobacias,
músicos e cantores excelentes e lindas coreografias. O Señor Tango é uma das melhores
casas de tango de Buenos Aires e realmente encanta. Valeu o investimento!
Terminamos esse dia cansativo felizes ao menos.
Dia 12 pegamos o vôo (tão difícil) para El Calafate no Aeroporto Ezeiza (Aeroporto Internacional Ministro Pistarini) - vôo 1822 da Aerolíneas Argentinas às 13h. Eu fiquei um pouco tensa com medo de não conseguirmos embarcar de novo, pois havia um grupo indignado no aeroporto que estava há quase uma semana tentando embarcar para Rio Grande e não conseguia por conta do mau tempo no local... Tomei vários cafezinhos pra relaxar...
Mas, graças a
Deus, conseguimos embarcar, voar e
pousar em El Calafate já à tardezinha... Seguimos para o Roble Sur – Hostería y
Compañía (R. Glaciar Rio Tunel 210). E sentimos o verdadeiro frio da Patagônia
durante uma caminhada até a Villa Parque Los Glaciares. Visitamos a Fábrica de
Alfajores Koonek, compramos alguns desses doces deliciosos e jantamos pela
vila. Não pudemos aproveitar El Calafate por conta do vôo, mas um dia pretendo
voltar... Falamos com o guia do transfer sobre o passeio que perdemos e ele
disse para tentarmos trocar por algum passeio em Ushuaia pois a agência é a
mesma...
No dia seguinte (13/07) tomamos um café da manhã muito bom no Roble Sur, que tinha um aquecimento tão bom no interior que me fez passar até calor... Rsrsrs... (Depois percebi que em toda a região era assim mesmo: dentro dos lugares eu passava calor, mas quando saía, o frio era de rachar) E seguimos para o aeroporto novamente. Dessa vez para embarcar para Ushuaia, conhecida como o “Fim do Mundo”.
Pegamos o vôo 1870 da Aerolíneas
Argentinas e chegamos em Ushuaia à tarde, passamos pelo Hotel Costa Ushuaia
(Costa de los Pájaros 1921) e seguimos para a agência Rumbo Sur para trocarmos
nosso voucher. Conseguimos trocar por um passeio de catamarã pelo Canal Beagle,
pagando uma pequena diferença. Em seguida visitamos as ruínas do presídio local
e jantamos uma sopa quentinha no centrinho. Não dava pra ficar caminhando pelas
ruas, pois o frio era mesmo cortante...
Ushuaia pertence a Argentina, significa
“baía profunda” (do idioma indígena yagan) e cresceu ao redor de um presídio.
Ela é famosa por ser a “Cidade mais Austral do Mundo”. Tem um clima sujeito a
grandes variações diárias e pode apresentar condições extremas, principalmente
por conta dos ventos fortes e variações na altitude; há registros de ventos à
cima de 80 km/h. Observamos que o sol nascia depois das 9 horas da manhã e se
punha logo às 17 horas, os dias eram mais curtos e precisávamos ficar atentas
para não dormirmos demais. Olhava pela janela e às 8h ainda estava escuro,
parecendo noite... Bem, e era noite...
No dia seguinte, finalmente passeamos pela
Patagônia!!! Pois até agora só havíamos ficado nos aeroportos e aviões...
Fizemos o passeio no Trem do Fim do Mundo, muito interessante, com janelas nas
laterais e teto, com vista panorâmica das paisagens geladas... Foi uma
experiência inesquecível. Valeu a pena toda a distância... Nesse passeio pela
ferrovia mais austral do mundo, percorremos 7 km desse marco histórico que
transportava prisioneiros usando locomotivas a vapor. O início do percurso é na
Estação do Fim do Mudo, passamos pela Ponte Queimada, paramos na Estação
Cascata La Macarena – com paisagens lindas – seguimos pelo limite do Parque
Nacional, passando pelo Cemitério de Árvores e chegamos à Estação do Parque
Nacional, onde desembarcamos. Esse trem saía do presídio de Ushuaia até as
ladeiras do Monte Susana para conseguir materiais (madeiras e pedras) pra
construção da prisão.
Em seguida, visitamos o Parque Nacional
Terra do Fogo. No Centro de Visitantes, tomei um chocolate quente muito bom.
Caminhamos pela área turística do local, contemplando paisagens exuberantes. Esse
parque integra paisagens costeiras, florestais e montanhosas e possui costas
marítimas. É maravilhoso! A paisagem típica glacial é algo inesquecível pra
alguém que mora num país tropical. Toquei rapidamente as águas do lago,
congelante... Rsrsrs... Estávamos muito
longe...
Também fizemos um passeio pelo Canal
Beagle (aquele que trocamos pelo passeio de El Calafate, que não deu certo).
Pegamos o catamarã Martino Jr no porto de Ushuaia e seguimos pelo canal que
recebeu esse nome em homenagem ao navio britânico HMS Beagle, que transportou
Charles Darwin, o autor do livro “A origem das espécies”. Avistamos a Isla de Los Lobos, com muitos
leões marinhos tranquilos. Ao sairmos pra fotografar sentíamos o frio cortante
do lugar. Minha calça para frio e neve não foi aprovada, senti muito frio nas
pernas nesse passeio. Também avistamos a
Pinguinera, cheia de simpáticos pinguins, todos de boa naquele frio que lhes
agrada. Ao chegarmos próximo ao Farol do Fim do Mundo (Farol Les Eclaireurs),
que sinaliza aos navegantes a entrada na Baía de Ushuaia, o vento estava muito
mais congelante. Mas a paisagem é compensadora. Esse farol é um símbolo de
Ushuaia, foi fundado em 1920, tem 11 metros de altura, 3 metros de largura na
base e sua iluminação alcança até 14 km de distância.
O canal Beagle é um estreito que separa as
ilhas do arquipélago da Terra do Fogo. Estamos no extremo sul da América do
Sul. Sempre que me lembrava disso, achava incrível! Rsrsrs... Ele liga o Oceano
Atlântico ao Oceano Pacífico e separa a Ilha Grande da Terra do Fogo de
diversas ilhas pequenas ao sul, tem 240 km de comprimento. Essas ilhas se
formaram a partir do choque de placas tectônicas marinhas, então essa região apresenta
grande instabilidade tectônica. É uma região potencialmente sísmica.
Fizemos um passeio até o Lago Escondido,
que estava com uma boa parte congelada. Ao chegarmos no alto do mirante,
observamos a neve caindo, e isso foi um presente da natureza. Mesmo congelante,
a paisagem é maravilhosa e o momento é único, afinal, moro num país quente.
Também passamos por Cerro Castor, uma estação de esqui a 26 km de Ushuaia, a
estação de esqui “mais austral do mundo”. Não me arrisquei no esqui... Preferi
contemplar a paisagem, totalmente diferente pra mim. Aquela natureza congelada
é algo lindo de se ver! Almoçamos no Centro Invernal Tierra Mayor, onde havia a
possibilidade de fazermos passeio de trenó com cães Husky. Eu achei os
cachorros bem cuidados, mas achei desnecessário fazer o passeio, por achar que
os cães se esforçavam muito pra carregar os turistas.
Em nosso último dia no Fim do Mundo, quase
perdemos a hora do café, pois a escuridão da manhã nos enganou. Como disse,
olhava pela janela e ainda estava escuro às 9 horas da manhã... Aproveitamos
para caminhar pelos arredores do nosso hotel e pelo centrinho de Ushuaia. Toda
aquela paisagem glacial era muito diferente pra gente.
Almoçamos no Shopping Paseo del Fuego,
fotografamos o lago próximo ao hotel e seguimos pro aeroporto. Nosso vôo
inicial foi cancelado e remarcado, pra nossa aflição... Mas conseguimos
embarcar pra Buenos Aires às 17h45, no vôo 1884 – Aerolíneas Argentinas; sentei
nas primeiras fileiras do avião e senti um balanço muito estranho... Um barulho
de vento forte batendo na aeronave... Perguntei pra moça ao meu lado e ela me
acalmou dizendo que era o vento, que isso é muito comum em Ushuaia. Nossa!!!
Que medo!!! Nunca senti o avião balançar ainda em terra!!! Ao decolarmos, outra
emoção: o avião subiu balançando muito, ao sair do solo, deu uma caída brusca e
parece-me que decolou meio de lado... Uau!!! Suei frio... Mas depois de um
tempo, o vôo ficou mais tranquilo. Pousamos em Buenos Aires... Ufa!!! Com
segurança. Passamos a noite no aeroporto e embarcamos pra Guarulhos/SP somente
de manhã, às 6h15, no vôo 1240 Aerolíneas Argentinas, bem mais tranquilo.
Apesar dos pesares, rsrsrs... adorei minha experiência no Fim do Mundo.
Aprendi que não podemos marcar passeios seguidos, nem permanecer apenas um dia
num local, pois corremos o risco de não conseguir fazer o passeio, caso haja
algum imprevisto. Agora terei que lutar para voltar pra El Calafate e conhecer
o glaciar que ficou na vontade.
A PATAGÔNIA
A Patagônia se divide entre o Chile e a
Argentina e possui paisagens de tirar o fôlego dos amantes da natureza, como
eu. Seu nome se originou da palavra “patagões”, em referência a um monstro da
literatura portuguesa na época das navegações europeias. Em 1520 o explorador português
Fernão de Magalhães desembarcou nessa região e encontrou pegada enormes e
acreditou serem de gigantes (batizando-os de patagões). As pegadas eram dos indígenas
Tehuelches, que não eram gigantes,
apenas usavam botas de neve feitas com várias camadas de couro de Guanaco (Lama
guanicoe) – um mamífero ruminante da região que vive em grandes altitudes
(uns 4000 m), é um camelídeo que chega a 1,22 m e 90 kg; ele tem quatro vezes
mais hemácias no sangue do que um ser humano, uma adaptação para a vida nas
alturas.
INVESTIMENTO:
PASSAGENS AÉREAS (SÃO PAULO/BUENOS AIRES/EL CALAFATE/USHUAIA/BUENOS AIRES/SÃO PAULO) + TRANSFER + HOSPEDAGEM EM BUENOS AIRES, EL CALAFATE E USHUAIA COM CAFÉ DA MANHÃ + SEGURO + PASSEIO TREM DO FIM DO MUNDO E PARQUE NACIONAL TERRA DO FOGO = R$ 4.082,15
FRIO EXTREMO...
ResponderExcluir37 anos
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