PETAR - ONDE A SEMENTINHA AVENTUREIRA FOI PLANTADA - SP – ISSO É BRASIL!!!
MINHA PRIMEIRA VISITA AO PETAR – IPORANGA/SP
Abril/Maio - 1999
No feriado do dia do trabalho de 1999, (de
30/04 a 02/05), fui com minha amiga Graciela, em uma excursão organizada pelos
professores de química e biologia da escola que ela trabalhava como eventual,
para o PETAR – Parque Estadual e
Turístico do Alto do Ribeira em IPORANGA a 317 km de São Paulo. Por ser
um grupo escolar, os valores ficaram mais acessíveis. Nos hospedamos na Pousada
da Diva (Rod. Antônio Honório da Silva, km 13, s/n, Serra, Iporanga), que fica
pertinho do Núcleo Ouro Grosso e não muito longe do Núcleo Santana, nosso
principal ponto de visitação.
O passeio foi pelo Núcleo Santana, no vale
do Rio Betari. Iniciamos a visita pela Caverna de Santana, com aproximadamente 5 km de
extensão e 495 metros abertos à visitação turística. Nessa caverna não nos
molhamos, seus acessos se dão por passarelas e escadas de madeira e bambu.
CAVERNA DE SANTANA
Seguimos
nossa aventura percorrendo a trilha, por cerca de uma hora, pelo Rio Betari – e
atravessando-o com água na cintura e com a ajuda de uma corda – até a Caverna
Água Suja. Essa caverna recebeu esse nome porque no momento em que seu “descobridor”
chegou na entrada dela, a água do rio que sai dela estava suja pelas águas da
chuva, mas não estava chovendo ali e sim no sumidouro, a alguns km dali. A
entrada da caverna tem 4 metros de altura e 7 metros de largura; ela tem 1300
metros de desenvolvimento e 92 metros de desnível. Mesmo sem trechos de
natação, durante boa parte do percurso a água chega na cintura e até no
pescoço. É realmente desafiador... Uma aventura de verdade... Impossível não se
molhar e não se sujar de lama. Achei incrível! Lá nas profundezas da Água
Suja, havia uma pequena cachoeira gelada e linda, bem no meio da caverna e da
escuridão... A sensação é única e incomparável, eu nunca havia entrado em uma
caverna e fiquei impressionada com o poder da natureza.
Finalizamos
o nosso primeiro dia na Caverna Morro Preto, após subirmos a trilha até sua
entrada imponente. Espeleologia é aventura, risco, medo, emoção. A
gente sente uma tensão de segundos, como um: “Ai, agora vou morrer!”, sem
conseguir pôr os pés no chão e a mão nos lugares certos no meio de tanta água,
lama e rochas. Na Caverna Morro Preto, quase caí num buraco que não dava pra
ver o fundo; sorte que fiquei presa pela mochila... Usamos capacetes e as lanternas
eram carregadas nas mãos, o que dificultava a locomoção. Lembro que o capacete
foi muito útil pra mim, pois bati a cabeça algumas vezes nos espeleotemas...
Também quase derrubei a lanterna... Coisas de iniciante...
Ao final do dia, para compensar nosso
esforço, jantamos na pousada uma comidinha de dar água na boca, maravilhosa... Comi um dos melhores feijões de minha vida. Passei um aperto danado, pois não levei roupa suficiente e só um tênis, nem
chinelo levei... Achei que pudesse ficar com o mesmo tênis todo o tempo pra
economizar espaço na mochila (e poderia, se não tivesse molhado tudo)... Já
tinha feito outras trilhas, mas nunca em cavernas... Coloquei uns jornais no
tênis pra que eles estivessem menos molhados no dia seguinte... Deste dia em
diante, capricho na mochila, pra não passar mais este tipo de aperto e acabo
sempre levando mais roupas do que preciso.
No dia seguinte visitamos a Caverna Alambari
de Baixo, no Núcleo Ouro Grosso. Essa caverna tem esse nome devido ao
rio que passa por ela – rio Alambari – e é “de baixo” pois existe outra caverna
Alambari, a “de cima” A ‘Alambari de Baixo’ tem 890 metros de desenvolvimento e
32 de desnível com água e lama por todo lado; tínhamos que escorregar em uma
rampa de lama até chegarmos num curso d’água até o joelho, me molhei de novo.
Agora que meu tênis secou... Rsrsrs... Para nos aventurarmos não devemos ter
frescuras... Só devemos levar um calçado extra na mochila...
Após o almoço, voltamos pra Santo André, e
como chegamos bem tarde, dormi na casa da minha corajosa amiga Graciela. Tenho
muita saudade desse passeio. Comecei a gostar da liberdade... Algo mudou em mim
quando entrei naquele universo subterrâneo, me identifiquei com aquela emoção,
gostei da adrenalina... Acredito que ali foi plantada a sementinha aventureira
no meu coração.
Iporanga em tupi significa “rio bonito”,
se referindo ao Ribeirão Iporanga. Devido a localização do PETAR, a cidade
ficou conhecida como “Capital das Cavernas”.
O PETAR tem mais de 300 cavernas, dezenas
de cachoeiras, trilhas, comunidades tradicionais e quilombolas, sítios
arqueológicos e paleontológicos. Esse parque é um verdadeiro paraíso escondido
entre vales e montanhas na Mata Atlântica. Foi criado em 1958 e seu maior
atrativo é o acervo espeleológico. Suas cavernas têm vários níveis de desafios
e inúmeras belezas.
OBS: Desculpe pelas poucas fotos, pois são de uma época, nem tão distante, de fotos em filmes de 12, 24 e 36 poses. Para cavernas era necessário usar o filme ASA 400, mas nem sempre dava certo. Rsrsrs... Nem tirei fotos, essas foram as que consegui com os colegas da excursão. Os desenhos de morcegos foram tirados da web, só pro artigo não ficar muito sem graça...
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20 anos
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