TRAVESSIA FUNICULAR DE PARANAPIACABA - SP - ISSO É BRASIL!!!
TRAVESSIA FUNICULAR DE PARANAPIACABA - SANTO ANDRÉ - SP - ISSO É BRASIL!!! AGOSTO/2023
Há muitos anos caminho pelas trilhas de Paranapiacaba, e sempre ouvi relatos sobre essa trilha, alguns assustadores! Muitos guias me diziam que já morreram pessoas no percurso, que o risco de vida é alto e isso aumentava minha curiosidade a cada trilha. Sempre perguntava aos guias sobre a trilha do funicular, considerada proibida... Os anos passaram... Continuei trilhando... Mas a vontade de fazer essa travessia foi aumentando... Em conversas com outros trilheiros, alguns diziam ter vontade mas muito medo, outros me encorajaram e alguns até desistiram só de pensar...
Em 2023 encontrei um grupo no Instagram que organizava essa trilha, os "Colecionadores de Km". Vi o perfil, entrei em contato e observei que muitos grupos estavam fazendo esse percurso ora por baixo dos trilhos, ora por cima dos trilhos. Eu escolhi caminhar por cima dos trilhos, não para me arriscar, mas sim para ver as paisagens incríveis da minha amada Serra do Mar. As aventureiras raíz Damiana e Stella toparam esse desafio e lá fomos nós desbravar o sistema funicular. "Doidas!!!", muitos disseram. Até fiquei um pouco tensa pois a trilha estava marcada pra véspera do Dia dos Pais, já pensou eu morrendo nesse dia??? Mas resolvi arriscar. Sempre me aventuro seguindo as regras de segurança, caso perceba que posso colocar minha vida em risco ou que não estou segura, não prossigo e sigo meu caminho. E sempre, sempre mesmo, vou com um guia que conhece a região a ser explorada.
O passeio é considerado uma travessia, pois percorremos cerca de 16 km de Paranapiacaba até Cubatão. Pagamos R$ 100,00 pelo guiamento na travessia completa. Esse valor não incluía transporte, apenas a "garantia" de não se perder no meio da mata.
O Funicular de Paranapiacaba ou Elevador de Paranapiacaba foi um funicular ferroviário que funcionou no local, que pertence a cidade de Santo André/SP, construído para tracionar trens em uma subida de 796,6 metros de altitude, no meio da Serra do Mar. A estrutura era usada para o transporte de café da cidade de Jundiaí ao Porto de Santos. Todo o sistema foi construído pela empresa SPR (São Paulo Railway), que foi fundada na Inglaterra por Irineu Evangelista de Souza. A linha operou de 1867 até 1976. Hoje faz parte do Museu Tecnológico Ferroviário do Funicular, mantido pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária.
O percurso da linha férrea possui dezesseis pontes e treze túneis, que, após quarenta anos sem uso, foram tomados novamente pela natureza. As estruturas estão colapsadas, cheias de ferrugem e lodo, com muitos pontos podres e escorregadios, além das vigas de madeira corroídas e os cabos de aço soltos. Por isso é perigosa. O risco de queda é enorme.
No sábado dia 12 de agosto fui de carro com as meninas até a estação de trem de Rio Grande da Serra, deixamos o carro num estacionamento ao lado da estação e nos encontramos com o grupo às 6h30 em frente à Padaria Barcelona. Foi bom porque deu tempo de tomar um café da manhã reforçado.
Seguimos em uber (já combinado com o guia) até Paranapiacaba, pelo valor de R$ 7,50 por pessoa. Ele nos deixou na parte alta da vila. Aguardamos todo o grupo chegar e iniciamos a caminhada, atravessamos a ponte para a parte baixa de vila, cruzamos o linha ferroviária e iniciamos a trilha passando pela casa de máquinas local.
O grupo alertou sobre o nível de dificuldade da trilha, considerado de moderado a difícil. A trilha inteira é praticamente em terreno plano, alguns pontos têm mato alto com carrapichos e plantas urticantes, por isso é importante percorrê-la com camiseta de manga longa e calça. A atenção também deve ser total, pois há buracos, ferros expostos e abandonados e alguns vãos.
O nosso trajeto passava por quatro pontes em avançado estado de decomposição, além de mais de dez túneis. Daí o perigo dessa trilha... Mas os guias nos orientaram a pisar sempre na estrutura metálica mais firme, nos mostrando exatamente onde pisar. Também é recomendado se locomover engatinhando, com quatro apoios para evitar perda de equilíbrio e uma queda fatal.
Foi tenso atravessar as pontes engatinhando, no final, minhas pernas e braços já estavam tremendo devido ao esforço físico.
Passamos pelo famoso Poço da Anaconda, conhecido como Poço do Segundo Patamar. No meio da selva, alguns participantes quiseram escorregar numa das calhas de água. Também passamos por um pequeno poço para um rápido banho e lanche.
As fotos na Casa de Máquinas e num dos patamares ficaram maravilhosas. Dá pra ter ideia da altura!
Foi desafiador percorrer essa trilha tão mal falada. Também me emocionei ao passar pelo ponto onde um guia morreu, pois se desequilibrou e caiu, batendo a cabeça. Não foram milhares de pessoas que morreram nesse caminho. As pessoas exageram. Acidentes podem acontecer, sim. Com qualquer pessoa. Se eu recomendo? Sim, se puder fazer a travessia via mata e não se arriscar nas estruturas enferrujadas. Embora o mais emocionante desse passeio seja essa parte... Mas por baixo acredito ser mais seguro. Se dá medo passar em cima da floresta? Não muito, mas eu não tenho problema com lugares altos, até gosto! Pessoas com fobia devem evitar essa trilha!
Finalizamos a travessia por volta das 17 horas. Pegamos um uber de volta a Rio Grande da Serra por R$ 35,00 por pessoa. Nós três gostamos dessa aventura, ficamos bem cansadas, mas satisfeitas por termos vencido esse desafio com segurança e inteiras!
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