PERU - INCRÍVEIS DESCOBERTAS NO UNIVERSO ANDINO
CUSCO – O UMBIGO DO MUNDO
Como
publiquei no artigo sobre a Bolívia, fiz um tour pelos Andes com minhas amigas
Ana Maria, Ilma e Edna, que levaram suas amigas Andrea, Rita e Josi. Para
pagarmos um preço menor nas passagens aéreas, partimos de La Paz, na Bolívia.
No artigo:
https://www.blogger.com/blog/post/edit/66204183077415469/4230686122451333756 estão os detalhes de nossa travessia na fronteira Bolívia/Peru, algo que não é tão tranquilo quanto parece. E no artigo:
https://www.blogger.com/blog/post/edit/66204183077415469/9053212917539888649 está o roteiro resumido dia a dia. Vou contar como tudo aconteceu a partir de nossa chegada em Puno, no Peru.
Em PUNO/PERU,
nos hospedamos no Hotel Conde de Lemos
(Jiron, Puno 681, Puno 51), sob os cuidados da agência Machu Picchu Brasil (de Cusco, fundada por brasileiros). Puno
está a 3852 metros de altitude e o ar é muito seco, o que me incomodou
bastante, não conseguia dormir nem respirar direito e minha cabeça doeu
muuuuito. O ar seco fez meu nariz sangrar e ressecou minha pele, tanto que meus
lábios racharam umas duas vezes... Mesmo depois de uma chuva que caiu à noite, enquanto
caminhávamos pela Praça das Armas e pela Catedral de Puno, o ar continuava
seco.
HOTEL CONDE DE LEMOS
EXPERIMENTANDO A INKA COLA |
Observei que algumas pessoas usavam um
táxi diferente: uma bicicleta ou motocicleta acoplada a uma cabine com lugar
para duas ou quatro pessoas, chamada Táxi Cholo. O impressionante é conseguirem
pedalar carregando quatro pessoas naquela altitude sufocante, claro que os
condutores estão acostumados.
Passeamos de barco pelo Lago Titicaca, o lago navegável mais
alto do mundo; visitamos uma das ilhas
flutuantes artificiais, Los Uros, onde conhecemos seus hábitos, o
presidente e a primeira-dama e andamos no barco feito com a totora (planta
aquática da região que é usada na construção das ilhas flutuantes). Segundo
nosso guia, essas ilhas foram construídas pelos povos antigos por medidas de
segurança, pois, estando no meio das águas do Lago Titicaca, isolariam e protegeriam
seus habitantes, já que os primeiros habitantes fugiram da escravidão se
embrenhando no meio da vegetação de totora do lago. O conhecimento sobre a
técnica de preparo e manutenção foi transmitido de geração em geração. A
comunidade tem um sistema político peculiar, cada ilha pertence a uma família e
é presidida por seu patriarca, que é responsável pela segurança, manutenção e
organização interna. A ilha que visitamos era composta por casas modernas –
moradias com colchões e objetos pessoais, casa antigas – depósitos, cozinha –
com pedras para acender o fogo, e um mirante – usado para comunicação entre os
líderes de cada ilha. O presidente nos explicou que a totora é colhida, deixada
no sol para secar por cerca de três semanas, depois é usada na edificação do
solo com um agrupamento de blocos de raízes e na construção das casas. O solo
vai sendo comprimido conforme as pessoas caminham sobre ele e, por isso, é
necessário colocar uma nova camada de totora seca sobre o chão a cada 15 dias
mais ou menos.
O PRESIDENTE DA ILHA |
EMBARCAÇÃO FEITA DE TOTORA |
Visitamos
e almoçamos na Ilha Taquille, onde
também assistimos um show típico, que adorei. Nosso guia falava com muita
propriedade sobre os costumes dos habitantes do lago Titicaca, com muito
respeito e admiração também. Maravilhoso conhecer hábitos tão diferentes dos
nossos. A ilha é habitada por nativos que ainda falam em quéchua e vivem da
pesca, agricultura, tecelagem e artesanato. Eles têm um estilo de vida coletivo
e de ajuda mútua em que o principal sistema econômico é baseado no escambo –
trocas. A ilha Taquille chega a 4000 metros de altitude e para chegar aí é
preciso subir uma escadaria com mais de 560 degraus... Ai, Meus pulmões...
Minha dor de cabeça só passou quando tomei
bastante chá de coca e as pílulas para “el soroti”, “soroche” (sim, sofri do
mal de altitude... Quanto maior a altitude mais rarefeito é o ar... Mas pelo
menos só tive dor de cabeça, o que é até comum em alguns momentos de minha
vida. Soube de pessoas em outros grupos que tiveram tontura, náusea, diarreia e
até gente que perdeu dias de passeio porque não conseguia levantar da cama, o
que não aconteceu em meu grupo... Eu tive dores de cabeça, algumas tiveram
falta de ar e outras coração acelerado, enquanto outras não sentiram nada).
Tentei não tomar a tal pílula, mas a minha cabeça não me deu trégua. As
Sorojchi Pills são feitas com 300 mg de ácido acetilsalicílico, 160 mg de
salófeno - basicamente dois analgésicos e antitérmicos, mais 500 mg de cafeína,
para aumentar a absorção dos outros dois compostos (copiei da embalagem das
tais pílulas).
PRESÉPIO EM PUNO |
Percorremos a Rota do Sol, saindo de Puno e passando por Pukara, cultura pré-incaica; visitamos seu museu e suas ruínas, além da
igreja construída pelos espanhóis com as pedras das ruínas de Pukara.
Passamos por La Raya, a 4335
metros sobre o nível do mar, onde quase não consegui respirar, mas pude ver
parte da Cordilheira dos Andes e peguei um filhotinho de llama no
colo; almoçamos uma comida típica em Sicuani.
Falando em comida, eu e nenhuma companheira de viagem de meu grupo quisemos
provar o cuy – porquinho da índia. Eu sei que é prato típico, mas tive dó do
bichinho... Além de tudo, acho que o cuy é comida só pra serpente.
Visitamos as ruínas e o templo de Raqchi, a 3550 metros de altitude,
localizado no Vale Vilcanota. Raqchi foi um assentamento de casas e templos
incas dedicados a Wiracocha, ou Huiracocha – o deus criador do mundo segundo
muitas culturas andinas. Antes de chegarmos em Cusco, entramos na
belíssima Igreja de San Pedro de Andahuaylillas,
considerada a “Capela Sisitina” das Américas, construída no século XVII.
Em Cusco, que está a 3400 metros de
altitude, nos hospedamos no Hotel Don
Bosco (Av. Teodoro Huaylupo, 104), visitamos o Mercado Artesanal de Cusco (onde compramos muitos agasalhos) e
caminhamos pela Praça das Armas. Em uma de nossas caminhadas, a Rita do nosso
grupo, caiu e torceu o pé, quase machucou sério, sorte que estava de bota...
Mas ela não desistiu dos passeios: comprou spray pra contusão muscular,
remédios, faixas e seguiu firme e forte, desbravando a terra dos incas. Desde
então, levo alguns remedinhos em minha mala de viagem... É bom evitar o
estresse...
TOMANDO CHÁ DE COCA |
Conhecemos o Museu de Arte Pré-Colombiano, com coleção de objetos de diferentes
culturas que se desenvolveram no Peru antes dos Incas, como cerâmica, objetos
de madeira, prata e ouro. Também visitamos o Museu Inka, que foi reconstruído
após dois terremotos. O prédio é muito bonito, haviam mulheres artesãs tecendo
peças coloridas no pátio do museu. O acervo deste museu é riquíssimo, com
cerâmicas, pinturas e múmias.
MUSEU DE ARTE PRÉ-COLOMBIANO
Fizemos
o tour Cusco Arqueológico, visitando o Qorikancha, ou Templo do Sol, construído
pelo imperador inca Pachacuti; para ser um local sagrado de rituais e oferendas
ao deus Sol, cultuado pelos incas, nele morava o sumo sacerdote e só podiam
entrar nele o Inca (imperador), os sacerdotes e as virgens do Sol. Lá haviam
outros templos: da Lua, de Vênus e as Estrelas, dos Raios Trovões e Relâmpagos
e do Arco-íris. O templo foi destruído pelos espanhóis, que sobre ele
construíram um convento e uma igreja aproveitando os alicerces incas. O
terremoto de 1950 destruiu a construção espanhola, deixando a construção inca
exposta. O método inca com certeza era muito melhor realizado!
QORIKANCHA
Visitamos com monitoria, a Catedral de Cusco, onde foi o Sunturwasi,
Palácio do Inca Wiracocha. A catedral possui uma rica coleção de pinturas e
objetos em prata. A obra “Última Ceia” foi pintada por artistas da escola
cusquenha e tem um cuy – porquinho da índia como prato principal. Bem
diferente...
Cusco/Qosqo – “El ombligo del mundo”
Cusco
foi um centro espiritual e político, situado bem no centro do Império Inca, daí
essa expressão “o umbigo do mundo”. Estava ligado aos deuses através de seus
diversos templos construídos com extremo capricho e precisão. Não utilizavam
equipamentos para modelar as pedras, os trabalhadores da construção modelavam
os blocos de pedra com areia, água e horas de trabalho e os encaixavam
perfeitamente sem necessidade de cimentação. Todos sentiam muito medo de que os
deuses ficassem irados, por isso trabalhavam com tanta perfeição.
Os
imperadores – Incas – afirmavam que eram descendentes diretos do deus Sol
através de Manco Capac e eram os representantes do sol na terra.
Acho
interessante o povo andino pois conhece sua história, respeita seus antepassados
e valoriza sua cultura que, como pôde, foi passada de geração em geração.
Compramos nosso bilhete turístico de Cusco, para entrarmos nos sítios
arqueológicos com mais economia.
PEDRA DOS DOZE ÂNGULOS |
Visitamos as incríveis ruínas de Saqsayhuaman. Fiquei impressionada com
o tamanho das pedras gigantes que foram trazidas pelos incas morro
acima, demonstrando sua enorme fé e temor aos seus deuses. De acordo com nosso
guia, o local foi construído inicialmente com fins militares para a defesa do
Império Inca, e quem comandou o início dessa construção foi o Inca Pachacuti.
Acredita-se que cerca de 20.000 pessoas tenham trabalhado nessa imensa obra. A
imensa obra também era usada como centro cerimonial. Os espanhóis destruíram
mais de 80 % do templo e usaram as rochas para construir casas e igrejas.
Conhecemos o sítio arqueológico de Tambomachay, também chamado “Banho do
Inca” (com
fontes de água), que foi destinado ao culto da água e para que o chefe do
império Inca pudesse descansar. Há um sistema de aquedutos, canais e cascatas
projetados com perfeição.
Seguimos para Pukapukara, “fortaleza vermelha”, que foi uma fortaleza militar de
defesa de Cusco e estacionamento da comitiva do Inca quando este chegava em
Tambomachay.
Também conhecemos uma confecção de lã de alpaca, onde
diferenciamos a verdadeira lã deste animal; descobrimos que ela é muito cara e
a de seu filhotinho é mais cara ainda, então as outras lãs vendidas por preços menores
pelos mercados, são sintéticas, dessa situação, brincávamos quando comprávamos
alguma blusa dizendo que era de “lã de alpaca bebê sintética”.
Fizemos o Tour Vale Sagrado dos Incas, passando pelas ruínas de Pisac e
Ollantaytambo (que são maravilhosas). Em Pisac eu e a Ana tentamos dar
uma corridinha até um local mais alto para tirarmos umas fotos legais e nosso
grupo já estava indo embora, achamos que estávamos aclimatadas... Kkkk... Acho
que me desloquei uns 15 metros... De repente, não tinha mais ar em meus
pulmões, minha cabeça começou a tontear... Parei, olhei do lado e não vi minha
amiga... Ela estava um pouco atrás, abaixada, puxando o ar com força e bem
pálida (como eu também devia estar...). Tiramos fotos dali mesmo e voltamos ao
encontro do grupo... Mais de 3000 metros
de altitude... Com altas altitudes não se brinca... Pisac deve ter sido
fortaleza, observatório astronômico e centro cerimonial. Não se sabe ao certo o
que foi, mas o que chama atenção neste lugar são as curvas de nível, que devem
ter sido usadas para agricultura pelos povos antigos; esse processo ajuda a
conservar o solo contra erosão e ajuda no escoamento de água da chuva, evitando
deslizamentos e ajudando a conservar os nutrientes do solo, tornando-o mais
produtivo. Mas esses incas eram muito espertos!
O Parque Arqueológico Nacional
Ollantaytambo é outro espetáculo! Tem gente que vai pra essa região só pra
conhecer Machu Picchu, mas os outros sítios arqueológicos são tão incríveis
quanto o mais conhecido. Esta cidade foi um complexo militar, religioso,
administrativo e agrícola. Os incas se sacrificaram para construir o local, já
que várias rochas gigantes usadas na construção são encontradas somente a
quilômetros da cidade...
DA ESQ. EDNA, JOSI, EU, RITA, ANDREA, ANA MARIA E ILMA |
Pegamos o trem Expedition até ÁGUAS
CALIENTES, ou “Machu Picchu Pueblo”, onde nos hospedamos no Hotel Inka Town (Calle Wiñaywayna
C-12, Urb. Las Orquideas). Sim, a cidade tem fontes termais.
De Águas Calientes, visitamos o Parque
Nacional de Machu Picchu, para vivermos uma experiência incrível, um sonho de
minha vida e das outras meninas do grupo. Escolhemos subir até lá em uma van,
mas há a opção de subir caminhando por uma trilha bem interessante... Como só
tínhamos um dia, a van foi a melhor escolha... A visita foi emocionante, nosso
guia pequenino era muito zen e contava tudo sobre o templo cultural com muito
encanto e profunda admiração por sua origem e antepassados. Era até poética sua
fala... Fiquei maravilhada com a cidade sagrada dos incas. Agradeci muito a
Deus pela oportunidade e, claro que chorei um pouco. A energia no local é um
tanto forte... Não sou mística, mas é emocionante.
SETOR AGRÍCOLA |
ACLLAHUASI - CASA DAS VIRGENS DO SOL |
PRAÇA PRINCIPAL |
Machu Picchu “velha montanha” é também
chamada “Cidade Perdida dos Incas” e está a 2400 metros de altitude no Vale do
rio Urubamba, cercado por montanhas e abismos que garantiam segurança e beleza
aos povos incas e foi construído bem no encontro de duas falhas tectônicas. A
cidade era considerada sagrada pelos incas por unir os Andes ao Rio Amazonas
(Urubamba). As construções também são feitas com pedras encaixadas
milimetricamente, talento inca. É Patrimônio Mundial da UNESCO também
considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno.
ESPELHOS D'ÁGUA PARA OBSERVAÇÃO ASTRONÔMICA |
O explorador norte americano Hiram Bingham
foi quem apresentou o sítio arqueológico para o mundo, em 1911. Machu Picchu
foi um complexo que envolvia vários aspectos: econômicos, sociais, militares,
religiosos, arquitetônicos e administrativos. O local tinha vários terraços de
cultivo com irrigação eficaz que permitia a colheita de milho, coca, batata e
outros alimentos durante todo o ano. Entrar nesse santuário é uma imersão no
passado, imagino as pessoas vivendo ali em harmonia há muito tempo...
MAUSOLÉU REAL |
TEMPLO DO SOL |
TEMPLO DAS TRÊS JANELAS |
INTIHUATANA RELÓGIO DE SOL |
PORTA PRINCIPAL |
PONTE INCA |
Retornamos para Ollantaytambo com o trem Vistadome, com desfile de roupas
de lã pelos “comissários”, muita animação e uma vista incrível da floresta.
Voltamos para Cusco em uma van
e seguimos direto para Puno, em um ônibus muito quente e com pouco ar.
É impressionante que um país tão próximo
ao nosso apresente uma cultura tão diferente! É nossa maiúscula América do Sul,
América Latina, dita subdesenvolvida, com suas particularidades,
diferenciais... Tantas coisas pra se descobrir, tanto pra se valorizar nesse
passeio transformador!
Sempre afirmo que viajar NÃO É GASTO, mas
sim INVESTIMENTO. Investimento na sua educação, na sua cultura, no seu
desenvolvimento, nas suas memórias, é fazer valer a pena cada dia de vida sobre
esse planeta tão incrível. Então, segue o valor desse investimento em minha
vida:
-
PASSAGENS AÉREAS SÃO PAULO/LA PAZ/SÃO PAULO = 885 REAIS
-
PACOTE DE PUNO A MACHU PICCHU, INCLUÍNDO 8 DIÁRIAS EM HOTÉIS COM CAFÉ DA MANHÃ
+ TRANSFER + PASSEIOS + GUIAS = 1425 REAIS
-
TRANSFER LA PAZ/PUNO/LA PAZ = 62 DÓLARES
-
PASSAGEM NO TREM VISTADOME = 20 DÓLARES
- PASSEIO REALIZADO EM JANEIRO DE 2012
Roteiro resumido Bolívia e Peru no artigo:
https://www.blogger.com/blog/post/edit/66204183077415469/9053212917539888649
Roteiro detalhado da Bolívia no artigo:
https://www.blogger.com/blog/post/edit/66204183077415469/4230686122451333756
VISITE O PERU! MAS TOME CUIDADO COM A
ALTITUDE!!! E NÃO ESQUEÇA DE LEVAR ALGUNS MEDICAMENTOS DE EMERGÊNCIA COMO: GEL
PARA DORES E CONTUSÕES MUSCULARES, REMÉDIO PARA DOR DE CABEÇA, VÔMITO,
DIARREIA, ANALGÉSICO, SORO FISIOLÓGICO E PASTILHAS PRA GARGANTA.
Completando o roteiro sobre o Universo Andino: Bolívia e Peru, países excelentes, de pessoas muito acolhedoras.
ResponderExcluirUm povo que valoriza seu passado. É um exemplo pra toda a humanidade.
ResponderExcluirComo explicar essa perfeição? Medo dos deuses, amor??? Com certeza, muita dedicação.
ResponderExcluirPRECISAMOS RESPEITAR ESSA CULTURA!!!
ResponderExcluirO PERU TEM LINDOS LUGARES.
ResponderExcluir32 anos
ResponderExcluir