MEU PRIMEIRO RETIRO DE YOGA
RETIRO DE YOGA – 1º RETIRO YOGA DIÁRIA E 1º RETIRO DA MINHA
VIDAOutubro/2020
CHAKRA DO CORAÇÃO - Mairinque/SP
Comecei a praticar yoga regularmente
durante a quarentena, com minha amiga Olívia, professora de Hatha Yoga – yoga
clássica, que visa transcender a consciência usando também o fortalecimento
físico. Já havia feito várias aulas experimentais e nunca permanecia, mas creio
que não era o meu momento de começar a prática. Como sei que tudo tem sua hora,
minha hora de iniciar foi no meio desta pandemia. Comecei a seguir professores
e páginas de yoga e encontrei no Instagram o folder desse retiro. Gostei da ideia
e convidei a Laiz e a Eloina (que estavam praticando yoga online também) para
participarem comigo. Elas toparam e lá fomos nós, com nosso tapetinho,
bloquinhos e faixa: dia 23 de outubro (com máscaras e muito álcool em gel) para
o Espaço Chakra do Coração (Rua das Trairas, 600, Jardim Três Lagoinhas,
Mairinque, SP), um lugar simplesmente lindo! Fomos recebidas pela dona do local
– Ameta e pela professora de yoga e responsável pelo retiro – Juliana. Resolvi
relatar aqui essa experiência porque ela não deixa de ser mais uma aventura
nessa minha vida de aventureira.
Dividimos um chalé lindinho e
aconchegante com outras quatro moças, ganhamos um sabonete orgânico para não
contaminar as águas subterrâneas do local (achei incrível a atenção e carinho
com a natureza que as pessoas têm no chakra) e nos acomodamos. À noite jantamos
uma deliciosa refeição vegana (assim como todas as outras refeições oferecidas
pelo Chakra) e nos reunimos na sala principal para as apresentações e boas
vindas. Senti um clima leve e acolhedor; algumas pessoas já praticam yoga há
algum tempo, e a maioria é iniciante, como eu. Todos estavam ali em paz,
procurando o autoconhecimento e evolução mental.
No dia seguinte, acordamos bem
cedinho, por volta das 5h40, para participarmos da Puja às 6h30, em jejum e em
silêncio até o final desta saudação a uma deidade, como se ela viesse fazer uma
visita ao local e então todos devemos recebê-la muito bem. Do sânscrito puja
significa adoração. A nossa orientadora Juliana, foi explicando cada etapa ao
realizá-la, achei bem pedagógico, eu não conhecia e consegui compreender. Uma
puja é um ato de reverência em relação a uma certa representação do divino, que
pode ser um símbolo – no nosso caso foi usada uma escultura de Ganesha, tão
fofinho. Inicialmente se faz uma invocação à deidade eleita, em seguida o
convite para que ela se sente e os atos de adoração com ofertas de flores,
incenso, luz, água e alimento. Todo o procedimento é “cantado” em mantras. Até
o final quando se despede da deidade e se oferece alimento que foi ofertado à
deidade para os presentes (essa foi nossa primeira refeição, uma fruta de
Ganesha, bem diferente).
Após a puja, fizemos alguns exercícios de
alongamento e meditação, chamados práticas matinais e só depois tomamos o café
da manhã vegano e muito bom. Tivemos uma aula teórica muito interessante, no
espaço aberto da fogueira, sobre os “Oito Passos do Yoga”. O yoga iniciou e se
desenvolveu a partir da tradição oral milenar de conhecimento que foi aos
poucos organizado por sábios através de tratados, e um dos mais conhecidos é o
Yoga Sutra, de autoria atribuída a Patañjali. Nessa obra, fala-se sobre o
caminho da prática com ênfase nos estados meditativos, chamado ‘Caminho dos 8
Passos’ – Ashtanga Yoga, que é um caminho para se chegar à compreensão sobre a
natureza do eu. Os oito passos são: Yama – Disciplina de não violência,
verdade, não roubar, estudar e não acumular; Niyama – Autodisciplina de pureza
contentamento, disciplinas, estudo de si e contemplação; Asana – Postura;
Pranayama – Controle da força vital; Pratyahara – Retração dos sentidos; Dharana
– Concentração; Dhyana – Meditação e Samadhi – Hiperconsciência. Algumas
participantes estavam muito interessadas em alcançar esse último estágio, o
Samadhi, algo bem além dos nossos limites. Eu observei e ouvi atentamente, pois
tudo era muito novo pra mim.
Após a aula teórica, fizemos uma aula
prática ao ar livre, aproveitando o gramado plano do chakra. Uma delícia! A
professora nos orientou com tranquilidade, passando posturas que eu e os outros
participantes conseguimos fazer. Fiquei feliz! Gostei muito dessa
experiência!!!
Almoçamos uma refeição vegana muito
saborosa! Em seguida, caminhamos pelo chakra e descansamos na sombra das
árvores e redes. À tarde participamos da oficina de japamala, um cordão sagrado
feito de sementes organizadas numa quantidade de 108, usado para ajudar o
praticante de meditação a entrar no estado meditativo. Usamos sementes de açaí
e confesso que foi uma verdadeira terapia montar meu japamala.
Em seguida, a professora Juliana deu uma
aula sobre as deidades hindus, explicando as histórias, algumas lendas e mitos
bem interessantes. O universo hinduísta é bem diferente de tudo que vivenciamos
no nosso mundo ocidental. Foram citadas e descritas as deidades: Durgã, Laksmi,
Sarasvati, Shiva e Ganesha, o menininho com cabecinha de elefantinho, tão fofo.
Terminamos a tarde fazendo mais uma aula
prática no salão interno, pois ameaçava chover. Nessa aula, utilizamos os
tijolinhos e faixas, para auxiliar os movimentos e às vezes até dificultar.
O jantar, maravilhoso e vegano foi seguido
da Satsanga, uma espécie de encontro para se fazer uma viagem interna ao Eu
Divino e instigar a reflexão, que foi utilizado para tirarmos dúvidas e
conversarmos sobre yoga.
No domingo, acordamos bem cedo novamente e
seguimos para a puja, dessa vez a professora Juliana seguiu o ritual
normalmente, sem explicações, então pudemos imaginar como é essa cerimônia na
realidade indiana. Fizemos alguns alongamentos e 108 saudações ao sol
acompanhadas de Kirtan, que é um cântico que utiliza mantras. Achei bem
interessante essa sequência! Fazíamos a sequência de movimentos de acordo com
cada parte do mantra. Parece muito 108 repetições, mas passou rápido e foi um
excelente exercício matinal. Em seguida meditamos usando nossa japamala e
mantras.
Tomamos café da manhã e seguimos pra mais
uma aula teórica, dessa vez sobre as quatro buscas do ser humano: Artha (busca
por segurança), Kãma (busca por prazer), Dharma (busca pela ação correta) e
Moksa (liberação das buscas pois se alcança o entendimento total). Segundo os
historiadores, os Quatro Vedas – Rigveda, Yajurveda, Samaveda e Atharveda foram
compilados entre 1500 e 900 a.C. estando neles, os principais conceitos e
símbolos do hinduísmo, deuses, lendas e ensinamentos. Essas crenças eram
transmitidas oralmente de geração em geração por muitos séculos até serem
transcritas nos Vedas (conjunto de hinos e preces considerado o primeiro livro
sagrado da história). Cada Veda é formado por quatro partes: Samhitas (hinos),
Brahmanas (rituais), Aranyakas (teologias) e Upanishads (filosofias, partes
finais, chamadas Vedanta). Muito conhecimento, muita filosofia, tudo faz muito
sentido!
Fizemos uma aula prática de yoga no espaço
interno e seguimos para o almoço vegano e delicioso, comi um escondidinho que
parecia de carne seca, mas na verdade era cebola caramelizada, uma delícia! As
refeições eram acompanhadas de um chá de ervas da própria horta do chakra.
Após o almoço, nos reunimos para esclarecer dúvidas e finalizar o retiro. Mais uma aula prática de yoga – muito bem vinda antes de pegarmos a estrada de volta pra casa – com movimentos relaxantes seguida de um cafezinho da tarde com bolo vegano e nos preparamos para partir.
Comprei uma manteiga ghee, originada nas tradições milenares da
Índia, onde foi chamada de ouro líquido e usada em preparações culinárias e
terapêuticas há tempos. Ela é vista como um alimento especial porque é
fornecida pela vaca, um animal sagrado para o povo indiano. Também é usada como
remédio para inflamações gastrointestinais, elixir para a imunidade e
purificante e desintoxicante corporal. A dona do chakra e produtora da
manteiga, me explicou que ela foi feita num processo de clarificação, derretida
no banho-maria, os resíduos vão para a superfície e são retirados várias vezes
até sobrar o óleo dourado e transparente livre de água, elementos sólidos,
toxinas e açúcares do leite; fica praticamente purificada. Também comprei uma
essência em spray para relaxar durante o sono. Todos os produtos são feitos
pela Ameta, dona do chakra. Aprendi muito com ela e com as meninas do retiro.
Gratidão!!!
Essa experiência foi maravilhosa! Meu
primeiro retiro da vida, e de yoga, num lugar lindo, com refeições saudáveis e
energia boa! Mais um passo para meu autoconhecimento, algo que a maturidade tem
me trazido e sou muito grata por ter chegado até aqui! Namastê!!!
41 anos
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